A decisão do presidente
Michel Temer (PMDB) de retirar os servidores estaduais e municipais dos
afetados pela Reforma da Previdência não alterou a indignação de milhares de
servidores mineiros. Ontem, em meio aos mais de 50 mil manifestantes, segundo
organizadores, que foram às ruas de Belo Horizonte protestar contra a reforma,
as professoras estaduais marcaram presença em grande número.
A participação
feminina na capital reflete o que mostrou pesquisa do Ibope divulgada ontem, em
que a rejeição de Temer entre as mulheres e maior do que entre os homens. A PM
não divulgou o número de manifestantes. Os protestos ocorreram em várias
cidades do país, sendo os maiores na capital mineira, em São Paulo, Rio de
Janeiro e Brasília.
Em BH, os manifestantes
deixaram a Praça da Assembleia Legislativa por volta de 17h30 e fizeram
passeata até a Praça da Estação. A principal bandeira foi contra a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 297/2016 da Reforma da Previdência, mas as pessoas também
levaram cartazes criticando a lei da terceirização e pedindo eleições diretas
para presidente.
O protesto foi organizado pela Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e pelo sindicato dos professores (SindUte), que levaram dois caminhões
para que os representantes fizessem discursos ao longo do evento. “Se as
pessoas não se indignarem e tomarem as ruas, teremos um retrocesso enorme”,
afirmou a professora de geografia Sandra Costa, de 46 anos.
As mulheres eram maioria
entre os manifestantes e houve várias palavras de ordem exaltando a mobilização
feminina contra o Temer: “Nem recatada, nem do lar! A mulherada está na rua
para lutar!”, cantaram em alusão à primeira-dama, Marcela Temer. Segundo o
Ibope, 22% dos homens entrevistados consideram o governo Temer melhor do que a
gestão Dilma Rousseff, percentual que cai para 15% entre as mulheres.
Ao fim do ato, eles
convocaram novo protesto para 28 de abril. A PEC é criticada porque faz
mudanças radicais na Previdência Social. Pelas novas regras, o trabalhador
precisa atingir a idade mínima de 65 anos e pelo menos 25 anos de contribuição
para poder se aposentar. Neste caso, receberá 76% do valor da aposentadoria –
que corresponderá a 51% da média dos salários de contribuição, acrescidos de um
ponto percentual desta média para cada ano de contribuição.
RODOVIAS
Houve protesto também nas
rodovias. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), professores
fecharam a BR-116, próximo a Inhapim, na Região do Rio Doce. Aproximadamente 80
professores da rede estadual e municipal participam do ato.
As manifestações
ocorreram em outras estradas mineiras por causa da reforma da Previdência. Pela
manhã, outros cinco pontos da BR-116 foram fechados. Um deles foi em Itaobim,
no Vale do Jequitinhonha, na altura do Km 116, em um protesto que toma toda a
rodovia e bloqueia completamente o tráfego tanto em direção ao Rio de Janeiro
quanto no sentido Bahia.
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