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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Julgamento da chapa Dilma-Temer entra em fase decisiva com maratona de sessões




O julgamento que pode cassar o mandato do presidente Temer e tornar a ex-presidente Dilma inelegível entra na sua fase decisiva a partir das 9h desta quinta-feira (8). No terceiro dia de sessões, os ministros finalmente irão se debruçar sobre a mais complexa das preliminares (pedidos da defesa antes da discussão do mérito da ação): se as delações da Odebrecht podem ser consideradas no processo. Depois disso, entrarão no mérito da ação (se houve abuso econômico nas Eleições).

A discussão das preliminares foi tão extensa até agora que houve a tentativa por parte do relator de que já fossem discutidas com o mérito, pedido recusado pelo presidente da corte, ministro Gilmar Mendes. O alongamento da análise, no entanto, fez com que Mendes marcasse uma sessão extra para a ação, que tranformará esta quinta-feira em uma maratona jurídica, com três sessões, às 9h, 14h e 19h que devem ser emendadas com apenas pequenos intervalos. O presidente da corte não descartou sessões extras na sexta (9) e no sábado (10), caso a discussão não termine nesta quinta.

Nesta quarta-feira (7), o relator, ministro Herman Benjamin, votou sobre três das sete preliminares apresentadas pelas defesas de Dilma e Temer: cerceamento de defesa, uso de provas consideradas ilícitas pela defesa em função de vazamento e fatos novos (delação da Odebrecht).As questões, no entanto, não foram apreciadas pelos outros seis ministros que compõe o pleno. Descartar as delações da Odebrecht era um dos sete pedidos preliminares da defesa de Dilma e Temer, na tentativa de esvaziar ou até anular o julgamento.

Quanto às preliminares de cerceamento de defesa e do uso de provas consideradas ilícitas pela defesa em função de vazamento já há um entendimento dos ministros pela rejeição. As discussões desta quinta, portanto, devem se centrar no uso das delações da Odebrecht no julgamento. O resultado da preliminar já pode antecipar o resultado do julgamento do mérito. Se o pedido de descartar as delações da Odebrecht do processo for acatado pelos ministros, é  muito difícil que a ação se sustente.

As defesas de Dilma e Temer alegam que, no pedido inicial do PSDB, não havia menção ao que foi posteriormente delatado pela Odebrecht e, por isso, Herman estaria ampliando demais o processo, o que é tecnicamente chamado de alargamento de causa de pedir. O relator refutou essa questão preliminar.

— Só os índios não contactados da Amazônia não sabiam das delações da Odebrecht. 

O mérito da ação, portanto, ainda não foi discutido pelos juízes. Apesar disso, as posições dos ministros nas preliminares podem sinalizar as suas posições quanto ao mérito e, eventualmente, confirmar o placar esperado pelas defesas e, nos bastidores, pelo Planalto: de 4 a 3 pela absolvição da chapa. Os mais inclinados a condenação seriam os ministros Herman Benjamin, Rosa Weber e Luiz Fux. Pela absolvição, os mais inclinados são Napoleão Nunes e os indicados por Temer Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira, além de Gilmar Mendes.

As sinalizações no julgamento das preliminares, no entanto, podem não ser acompanhadas no mérito, uma vez que os ministros podem, inclusive, mudar suas convicções durante o julgamento.

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