Porto Seguro: A tensão entre indígenas e produtores rurais voltou a crescer na madrugada desta terça-feira (7), em Porto Seguro, após a invasão da Fazenda Seis Irmãos, na comunidade Santo Antônio do Limoeiro, zona rural do município. O grupo, identificado como pertencente à aldeia Meio da Mata, afirmou que a ação faz parte de um processo de retomada de terras consideradas ancestrais.
Segundo informações, os invasores estavam encapuzados e fortemente armados. Eles cercaram a casa da família, atiraram e feriram o produtor Wiliam Panciere, de 60 anos, atingido no abdômen. O disparo, segundo ele, foi feito de fora da casa, enquanto estava dentro do imóvel. O agricultor conseguiu fugir pelo mato.
Durante a invasão, os indígenas mantiveram a mãe de Wiliam, uma mulher de 80 anos, em cárcere por mais de duas horas. No imóvel também havia um bebê de três anos e um adolescente de 13. Após a intervenção da Polícia Militar, a idosa foi libertada.
Wiliam relatou que, após o ataque, foi expulso do local junto com a mãe, a esposa e os filhos. Segundo ele, a família foi obrigada a sair às pressas, sem roupas e sem poder levar nada além dos documentos. “Nem o celular deixaram levar”, contou. O produtor disse ainda que será transferido para um hospital de Eunápolis ou Porto Seguro, onde passará por procedimento para retirada do projétil.
Ele afirmou se sentir humilhado com a situação. “Estou há mais de 35 anos nessa terra. Quando cheguei aqui, só havia capoeira. Derramei muito suor e agora sou expulso de uma maneira cruel”, desabafou.
A fazenda, localizada a cerca de 25 quilômetros do distrito de Monte Pascoal, fica próxima à estrada que dá acesso à Aldeia Barra Velha. Os indígenas alegam que a área está dentro do perímetro da Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, mas os proprietários contestam e afirmam que a fazenda está fora da área em processo de demarcação.
A Polícia Civil de Itabela investiga os crimes de roubo qualificado, cárcere privado e tentativa de homicídio. A equipe realiza perícia técnica no local, ouve vítimas e testemunhas e busca imagens de câmeras de segurança que possam ajudar na identificação dos autores.
Agentes da Força Nacional, que atuam há meses na região devido a conflitos fundiários, reforçaram a segurança na área./Radarnews
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