O cantor e compositor
Belchior morreu, aos 70 anos, neste domingo (30) em Santa Cruz do Rio Grande do
Sul. A informação foi divulgada pelo jornal cearense O Povo. De acordo com a
publicação, o corpo do artista deve seguir para o Ceará ainda hoje e o sepultamento
deve ocorrer na cidade de Sobral.
O governador do Ceará, Camilo
Santana, decretou luto oficial de três dias no estado. "Recebi com
profundo pesar a notícia da morte do cantor e compositor cearense Belchior.
Nascido em Sobral, foi um ícone da Música Popular Brasileira e um dos primeiros
cantores nordestinos de MPB a se destacar no país, com mais de 20 discos
gravados. O povo cearense enaltece sua história, agradece imensamente por tudo
que fez e pelo legado que deixa para a arte do nosso Ceará e do Brasil. Que
Deus conforte a família, amigos e fãs de Belchior. O Governo do Estado decretou
luto oficial de três dias", informou em postagem na página que mantém no
Facebook.
Natural do Ceará, Belchior
fez fama nos anos 1970 com álbuns como Alucinação (1976). Só neste disco, estão
clássicos como Velha roupa colorida, Como nossos pais, A palo seco e
Alucinação. O músico é da mesma geração de outros artistas nordestinos como
Raimundo Fagner, também cearense. Nos últimos anos, no entanto, Belchior ficou
recluso, se ausentando dos palcos há mais de sete anos.
Antônio Carlos Gomes Belchior
Fontenelle Fernandes, conhecido simplesmente como Belchior, foi um cantor e
compositor brasileiro. Foi um dos primeiros cantores de MPB do nordeste
brasileiro a fazer sucesso nacional, em meados da década de 1970. Nascimento:
26 de outubro de 1946 (70 anos), Sobral, Ceará Nacionalidade: Brasileiro
Carreira
Durante sua infância, no
Ceará, foi cantador de feira e poeta repentista. Estudou música coral e piano
com Acácio Halley. Seu pai tocava flauta e saxofone e sua mãe cantava em coro
de igreja. Tinha tios poetas e boêmios. Ainda criança, recebeu influência dos
cantores do rádio Ângela Maria, Cauby Peixoto e Nora Ney. Foi programador de
rádio em Sobral. Em 1962, mudou-se para Fortaleza, onde estudou Filosofia e
Humanidades. Começou a estudar Medicina, mas abandonou o curso no quarto ano,
em 1971, para dedicar-se à carreira artística. Ligou-se a um grupo de jovens
compositores e músicos, como Fagner, Ednardo, Rodger Rogério, Teti, Cirino
entre outros, conhecidos como o Pessoal do Ceará[1].
De 1965 a 1970 apresentou-se
em festivais de música no Nordeste. Em 1971, quando se mudou para o Rio de
Janeiro, venceu o IV Festival Universitário da MPB, com a canção Na Hora do
Almoço, cantada por Jorge Melo e Jorge Teles, com a qual estreou como cantor em
disco, um compacto da etiqueta Copacabana. Em São Paulo, para onde se mudou,
compôs canções para alguns filmes de curta metragem, continuando a trabalhar
individualmente e às vezes com o grupo do Ceará.
Em 1972 Elis Regina gravou
sua composição Mucuripe (com Fagner). Atuando em escolas, teatros, hospitais,
penitenciárias, fábricas e televisão, gravou seu primeiro LP em 1974, na
gravadora Chantecler. O segundo, Alucinação (Polygram, 1976), consolidou sua
carreira, lançando canções de sucesso como Velha roupa colorida, Como nossos
pais, que depois foram regravadas por Elis Regina e Apenas um rapaz
latino-americano. Outros êxitos incluem Paralelas (lançada por Vanusa) e Galos,
noites e quintais (regravada por Jair Rodrigues). Em 1979 no LP Era uma Vez um
Homem e Seu Tempo (Warner) gravou Comentário a respeito de John (homenagem a
John Lennon), também gravada pela cantora Bianca. Em 1983 fundou sua própria
produtora e gravadora, Paraíso Discos, e em 1997 tornou-se sócio do selo
Camerati. Sua discografia inclui Um show – dez anos de sucesso (1986,
Continental) e Vício elegante (1996, GPA/Velas), com regravações de sucessos de
outros compositores.
Polêmicas
Em 2005, Belchior abandonou a
então mulher Ângela para passar a viver com a Edna Prometheu depois de
conhecê-la no ateliê do amigo comum Aldemir Martins. Posteriormente Belchior
deixou de fazer shows e abandonado inclusive bens pessoais. Atualmente vem
enfrentando processos judiciais relacionados a pensões alimentícias de duas
filhas e um processo trabalhista. Por causa desses processos Belchior teve
contas bancárias bloqueadas e por isso está impedido de retirar o dinheiro
relativo aos direitos de suas músicas. O cantor se encontra em Porto Alegre,
tendo morado em hotéis, casas de fãs e mesmo em uma instituição de caridade.[2]
Em 2009 a Rede Globo noticiou
um suposto desaparecimento do cantor. Segundo a emissora, o cantor havia sido
visto pela última vez em abril de 2009, ao participar de um show do cantor
tropicalista baiano Tom Zé, realizado em Brasília.[3] Turistas brasileiros
afirmam terem-no encontrado no Uruguai em julho do mesmo ano[4]. As suspeitas
foram confirmadas quando Belchior foi encontrado no Uruguai, de onde concedeu
entrevista para o programa Fantástico, da Rede Globo[5]. Na entrevista, o
cantor revelou não haver desaparecido e estar preparando, além de um disco de
canções inéditas, o lançamento de todas as suas canções também em espanhol.
No ano de 2012 ele novamente
desapareceu, juntamente com a sua mulher, de um hotel 4 estrelas na cidade de
Artigas, no Uruguai. Deixou para trás uma dívida de diárias e pertences
pessoais.[6] Ao ser identificado passeando por Porto Alegre afirmou que as
noticias sobre a dívida no Uruguai não seriam verdadeiras.[7]
Discografia
1971 - Na Hora do Almoço
(Copacabana - Compacto)
1973 - Sorry, Baby
(Copacabana - Compacto)
1974 - Mote e Glosa
(Continental - LP/K7)
1976 - Alucinação (Polygram -
LP/CD/K7)
1977 - Coração Selvagem
(Warner - LP/CD/K7)
1978 - Todos os Sentidos
(Warner - LP/CD/K7)
1979 - Era uma Vez um Homem e
Seu Tempo (Warner - LP/CD/K7)
1980 - Objeto Direto (Warner - LP)
1982 - Paraíso (Warner - LP)
1984 - Cenas do Próximo
Capítulo (Paraíso/Odeon - LP)
1986 - Um Show: 10 Anos de
Sucesso (Continental - LP)
1987 - Melodrama (Polygram -
LP/K7)
1988 - Elogio da Loucura
(Polygram - LP/K7)
1990 - Projeto Fanzine
(Polygram - LP/K7)
1991 - Divina Comédia Humana
(MoviePlay - CD)
1991 - Acústico (Arlequim
Discos - CD)
1993 - Baihuno (MoviePlay -
CD)
1995 - Um Concerto Bárbaro -
Acústico Ao vivo (Universal Music - CD)
1996 - Vício Elegante
(Paraíso/GPA/Velas - CD)
1999 - Autorretrato (BMG -
CD)
2002 - Pessoal do Ceará
(Continental / Warner - CD)
2008 - Sempre (Som Livre -
CD)
Participações
especiais[editar |
1979 - Massafeira
Bibliografia[editar |
CARLOS, Josely Teixeira.
Muito além de apenas um rapaz latino-americano vindo do interior: investimentos
interdiscursivos das canções de Belchior. 2007. 278 p. Dissertação (Mestrado em
Linguística - área de concentração Análise do Discurso) - Programa de Pós-Graduação
em Linguística, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.
CARLOS, Josely Teixeira.
Fosse um Chico, um Gil, um Caetano: uma análise retórico-discursiva das
relações polêmicas na construção da identidade do cancionista Belchior. 686 p.
Tese (Doutorado em Letras – área de concentração Análise do Discurso) -
Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário