O corpo do cantor Belchior
chegou ao aeroporto de Fortaleza, por volta de 12h30, e vai seguir no carro do
Corpo de Bombeiros por ruas da capital até o Centro Dragão do Mar, Bairro Praia
de Iracema, onde será velado.
O cortejo passará pelas
avenidas Luciano Avenida Luciano Carneiro, Treze de Maio, Pontes Vieira,
Desembargador Moreira e Abolição até o Centro Dragão do Mar.
O corpo de Belchior deixou o
Teatro São João, em Sobral, por volta de 11h30 desta segunda, sob uma chuva de
pétalas de rosas e aplausos. O primeiro momento do velório começou por volta
das 8 horas na cidade natal do cantor e, a seguir, o corpo seguiu para
Fortaleza.
A missa de corpo presente
será a partir de 7h da terça, e o sepultamento será no Cemitério Parque da Paz,
às 9h. O corpo partiu do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre , por
volta da 1h da madrugada, em um voo fretado pelo governo cearense, chegando a
Sobral às 7h40.
Fãs fizeram fila para chegar
ao palco do teatro e se despedir do cantor, ao som de suas músicas executadas
por músicos cearenses. Antes das 6h, eles já esperavam o início do velório na
praça em frente ao teatro, decorado, na fachada, com imagens do rosto do
Belchior e um de fragmento de uma de suas músicas. Seis familiares do artista,
de Fortaleza, participaram da cerimônia, além da mulher Edna Prometheu.
Moradores também foram receber o corpo no aeroporto da cidade e acompanharam o
carro do Corpo de Bombeiros até o teatro.
Belchior foi encontrado morto
em casa ontem, em Santa
Cruz do Sul (RS), aos 70 anos. Ele vivia na cidade de 126 mil
habitantes do Vale do Rio Pardo, a cerca de 150 km de Porto Alegre, com
a mulher, que o encontrou morto. Ela disse à polícia que Belchior não tinha
problemas nem tomava medicamentos. Ele se sentiu mal na noite de sábado, se
queixou de muito frio à esposa e disse que ia descansar no sofá da sala, que
ele usava para fazer suas composições, segundo vizinhos. Belchior continuava
compondo, embora não tivesse planos de fazer shows ou gravar discos, e traduzia
suas canções e obra de Dante Alighieri.
Segundo amigos, o artista
vivia há quatro anos em
Santa Cruz do Sul - dos quais cerca de dois anos na casa onde
morreu, cedida por um amigo. O Governo do Ceará e a Prefeitura de Fortaleza
decretaram luto oficial de três dias pela morte de Belchior.Análise preliminar
indica que o cantor cearense morreu em razão do rompimento da artéria aorta,
segundo a delegada Raquel Schneider.
Schneider falou com o médico
do IML da cidade de Cachoeira do Sul, responsável pela necropsia em Belchior. De lá, seu
corpo foi levado para Venâncio Aires para ser embalsamado. Antônio Carlos Gomes
Belchior Fontenelle Fernandes - "um dos maiores nomes da música
popular", como brincava ao se apresentar - nasceu em 26 de outubro de 1946
e foi um dos ícones mais enigmáticos da música popular no Brasil, com quase 40
anos de carreira.
Teve o primeiro sucesso nos
anos 70 ao lado de Fagner, com a faixa "Mucuripe". Com o disco
"Alucinação" (1976), lançou clássicos como as faixas "Apenas um
rapaz latino-americano", "Velha roupa colorida" e "Como
nossos pais", essa última que se tornou conhecida na voz da cantora Elis Regina.
Paradeiro Segundo o colunista do G1 Mauro Ferreira, o cantor não tinha
paradeiro certo desde 2008. Em 2007,
a família reclamou do sumiço do artista, que abandonou a
carreira, e nem mesmo seu produtor musical conseguia contato. A partir daí,
foram surgindo boatos a respeito do paradeiro do cantor.
Segundo reportagem do
Fantástico, Belchior abandonou ao menos dois carros, sem explicação. Um deles,
deixado no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo , acumulando milhares de reais em
dívidas de estacionamento. Outro veículo, uma Mercedes-Benz do cantor, foi
largado em um estacionamento também em São Paulo , onde ele morava antes de ir para o
Uruguai.
Belchior chegou a ser
procurado pela polícia em 2012, devido a uma dívida de US$ 15 mil em um hotel
na cidade de Artigas, no Uruguai, por seis meses de diárias. No fim daquele
ano, em meio à polêmica, foi visto em Porto Alegre , mas não quis gravar entrevista.
Trajetória
Na infância no Ceará,
Belchior estudou piano e música coral, e trabalhou no rádio em sua cidade
natal. Seu pai tocava flauta e saxofone, e sua mãe cantava em coro de igreja.
Mudou-se em 1962 para Fortaleza, onde estudou Filosofia e Humanidades. Também
chegou a estudar medicina, mas abandonou o curso em 1971 para se dedicar à
música.
Começou apresentando-se em
festivais pelo Nordeste. Depois do sucesso de "Mucuripe", mudou-se
para São Paulo, onde compôs trilhas sonoras para filmes e passou a fazer shows
maiores e aparições em programas de televisão. Em 1974, lançou seu primeiro
disco, "A palo seco", cuja música título se tornou sucesso nacional e
ganhou versões ao longo da história, como a de Oswaldo Montenegro e da banda
Los Hermanos.
Outros artistas também
regravaram sucessos de Belchior, entre eles Roberto Carlos
("Mucuripe") e Erasmo Carlos ("Paralelas"), Engenheiros do
Hawaii ("Alucinação"), Wanderléa ("Paralelas") e Jair
Rodrigues ("Galos, noites e quintais"). Elis Regina foi uma de suas
maiores intérpretes: além de "Como nossos pais", gravou
"Mucuripe", "Apenas um rapaz latino-americano" e
"Velha roupa colorida".
Em 1982, o cantor lançou
"Paraíso", que tem participações dos àquela época ainda jovens
artistas Guilherme Arantes, Ednardo Nunes, Jorge Mautner e Arnaldo Antunes.
Fundou sua própria gravadora e produtora, a Paraíso Discos, em 1983. Ao longo
da carreira, Belchior teve mais de 20 discos lançados.
Discografia
1971 - Na Hora do Almoço
(Copacabana - Compacto)
1973 - Sorry, Baby
(Copacabana - Compacto)
1974 - Mote e Glosa
(Continental - LP/K7)
1976 - Alucinação (Polygram -
LP/CD/K7)
1977 - Coração Selvagem
(Warner - LP/CD/K7)
1978 - Todos os Sentidos
(Warner - LP/CD/K7)
1978 - Pop Brasil (Warner
Music / WEA)
1979 - Era uma Vez um Homem e
Seu Tempo (Warner - LP/CD/K7)
1980 - Objeto Direto (Warner
- LP)
1982 - Paraíso (Warner - LP)
1984 - Cenas do Próximo
Capítulo (Paraíso/Odeon - LP)
1986 - Um Show: 10 Anos de
Sucesso (Continental - LP)
1987 - Melodrama (Polygram -
LP/K7)
1988 - Elogio da Loucura
(Polygram - LP/K7)
1990 - Projeto Fanzine
(Polygram - LP/K7)
1991 - Divina Comédia Humana
(MoviePlay - CD)
1991 - Acústico (Arlequim
Discos - CD)
1993 - Baihuno (MoviePlay -
CD)
1995 - Um Concerto Bárbaro:
Acústico ao Vivo (Universal Music - CD)
1996 - Vício Elegante
(Paraíso/GPA/Velas - CD)
1999 - Autorretrato (BMG -
CD)
2002 - Pessoal do Ceará
(Continental / Warner - CD)
2008 - Sempre (Som Livre -
CD)
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