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sábado, 22 de novembro de 2025

Prado: Vereador Wanderson protocola no Legislativo denúncia por negligenciar interesses do município com pedido de cassação de mandato do prefeito Gilvan

 

“Enquando o prefeito fecha os olhos, nós abrimos a Constituição e lembramos: defender o território é obrigação, não é favor. E quem se omite deve responder pelos seus atos”, disse o vereador denunciante Wanderson da Rocha Leite.


O advogado e vereador pelo município de Prado, Wanderson da Rocha Leite (PRD), protocolou no início da tarde desta sexta-feira (21/11), na Câmara Municipal de Prado, denúncia por infração político-administrativa contra o prefeito Gilvan da Silva Santos (PSD), com pedido de cassação do seu mandato, fundamentado pelo Artigo 4º, inciso VIII do Decreto-Lei 201/67 que tipifica como “infração político-administrativa o ato do prefeito de se omitir ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do Município que estejam sob sua administração”. 

Isso significa que o prefeito pode ser responsabilizado se comprovar que falhou na proteção do patrimônio e dos interesses municipais. Essa infração é julgada pelos vereadores na Câmara Municipal, após o Poder Legislativo abrir um processo de cassação de mandato (ou processo político-administrativo), seguindo um rito formal específico estabelecido no Art. 5º do referido Decreto-Lei. O procedimento é de natureza político-administrativa e deve obedecer a um rito processual que assegure o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório. 

O fundamento legal da denúncia protocolada pelo vereador Wanderson da Rocha Leite é a omissão do prefeito Gilvan e falta de interesse em defender o território do município de Prado, em razão da Terra Indígena Comexatibá, que teve sua Portaria publicada no final da tarde da última segunda-feira (17/11), pelo ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Lewandowski, em ação conjunta com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Inclusive, reconhecida primeiro, do que a ampliação da terra Indígena de Barra Velha, que se arrasta desde 1985, que em abril de 2025, conquistou Nota Técnica do Ministério Público Federal, assinada por 7 procuradores federais da república. 

A Terra Indígena Comexatibá teve seu estudo protocolado no Ministério da Justiça em 2024, baseado em um laudo antropológico produzido em 2013 pela pesquisadora Leila Sílvia Burger Sotto-Maior, mas por apresentar fragilidades técnicas e jurídicas, o processo foi arquivado pelo próprio Ministério da Justiça em 2017. Mas em 2024, o processo foi reaberto, sob alegação que algumas entidades representativas dos povos originários no litoral norte de Prado, inseridas na defesa jurídica em 2014, retiraram suas manifestações de interesse “contra a terra indígena”. 

Direito a Praia 

A situação já aparentava pacificada a partir de 2017, mais grandes empresários detentores de terras a beira-mar, eles próprios reacenderam a problemática, fechando o acesso as praias, fugindo do diálogo com seus vizinhos (comunidades tradicionais) e proibindo a aproximação de veículos dos turistas, rotando valentia e utilizando seguranças para intimidar nativos e indígenas da região para não acessar as praias nas suas pescarias -, o trecho mais crítico neste enfrentamento pelo direito a praia, é o perímetro dos 12 quilômetros entre o Rio do Peixe até a Foz do Rio Cahy. 

Restrições após a Portaria 

Com a publicação no último dia 17 de novembro, da Portaria do Ministério da Justiça reconhecendo a Terra Indígena Comexatibá, os interessados: fazendeiros, produtores rurais, hoteleiros, pousadeiros e empreendedores só terão 30 dias para apresentar defesa – depois é o presidente da República que decide se homologa ou não a Terra Indígena Comexatibá. A portaria inviabiliza as ações de 9 mil moradores englobados pelo estudo, pois a área passou a ser tratada como indígena antes mesmo da homologação; A FUNAI pode iniciar a demarcação física, colocar marcos, restringir acesso e ignorar títulos legais existentes; Liminares judiciais deixarão de ser cumpridas; Aumentam as ocupações sob argumento de “retomada”; Propriedades não poderão ser mais negociadas; Bancos não podem mais financiar propriedades na região; Fazendeiros e empresários do ramo da hotelaria e, até nativos não cadastrados pela FUNAI serão expulsos após a homologação. 

250 pousadas e 9 mil pessoas serão expulsas 

O mapa da Terra Indígena Comexatibá publicado com a Portaria nº 1073/2025, reconhece uma área litorânea de 28.077 hectares, compreendendo desde a Praia das Ostras até o Rio Corumbau, com 53 quilômetros de praias, dentre os 84 Km de litoral que possui o Prado. O território detém sobreposição com o Parque Nacional do Descobrimento (Unidade de Conservação Federal) e com o Projeto de Assentamento Cumuruxatiba, do Incra. Conforme a portaria do Ministério da Justiça, caso haja a homologação, se prevê expulsar 9 mil nativos dessa área, além de fazendeiros, empresários do ramo de hotelaria, pequenos produtores rurais, agricultores e pescadores que vivem em suas pequenas áreas de terra, para ampliar a terra indígena de 732 indígenas pataxó que vivem no litoral norte pradense. O município de Prado é o 3º maior polo turístico da Bahia com o 3º maior número de leitos do Estado, atrás apenas de Porto Seguro e Salvador e, com a homologação da Terra Indígena Comexatibá, conforme o mapa de demarcação, o Governo Lula pretende ainda, expulsar os ocupantes de 250 empreendimentos do ramo da hotelaria, no raio de 53 quilômetros de litoral, na região norte de Prado, o que representa 38% do número de hotéis, pousadas, resorts, hotel fazenda, flat/apart-hotel, hostel/albergue, chalés, cama e café, casas de temporada e guest house, existentes no município.

 

O prefeito Gilvan foi denunciado por infração político-administrativa ao negligenciar na defesa dos interesses do Município de Prado.

Denúncia contra o Prefeito  

Para o vereador Wanderson da Rocha Leite que protocolou na tarde desta sexta-feira (21), denúncia por infração político-administrativa contra o prefeito Gilvan da Silva Santos, com pedido de cassação do seu mandato, por negligenciar na defesa dos interesses do município, o próprio passo é que a presidência da Câmara Municipal cumpra o prazo regimental e paute a imediata tramitação da matéria em plenário. “Protocolamos, nesta tarde, uma denúncia por infração político-administrativa contra o prefeito Gilvan da Silva Santos. E fizemos isso porque o Prado está sendo entregue, de bandeja, por quem deveria defendê-lo. O que vemos é omissão, negligência e conivência com a maior ameaça territorial já enfrentada por nossa gente. E quando o prefeito fecha os olhos, nós abrimos a Constituição e lembramos: defender o território é obrigação, não é favor. E quem se omite deve responder pelos seus atos”. 

Pronunciamento do Denunciante 

“É revoltante assistir à publicação da Portaria 1073/2025, que reconhece a chamada Terra Indígena Comexatibá, avançando sobre 28 mil hectares do litoral pradense – e o prefeito, simplesmente, calado. A portaria derruba decisões judiciais, paralisa investimentos, impede financiamentos, afasta turistas, destrói o mercado imobiliário e ameaça expulsar nove mil moradores, pequenos agricultores, pescadores, comerciantes, trabalhadores que construíram suas vidas ali, muitos há décadas e outras famílias enraizadas há séculos. Afeta ainda 250 empreendimentos hoteleiros em um município que é o 3º maior polo turístico da Bahia. E o prefeito, que deveria ser o primeiro a bater à porta de Brasília, preferiu o silêncio cúmplice. Não foi ignorância, foi negligência. E negligência é crime político-administrativo”. 

E acrescentou o vereador Wanderson da Rocha Leite: “Mais grave ainda é saber que a Terra Indígena Comexatibá foi reconhecida com base em um laudo antropológico de 2013, cheio de fragilidades técnicas, arquivado pelo próprio Ministério da Justiça em 2017 – e agora ressuscitado sem estudo novo, sem debate, sem ouvir o povo pradense. Enquanto isso, prefeitos de outros municípios se mobilizaram, buscaram soluções, articularam juridicamente. O nosso? Assistiu tudo de braços cruzados. Nem defendeu a população, nem defendeu o setor produtivo, nem protegeu o território, nem acionou o Ministério Público, nem contestou em Brasília. Quem não defende o povo, entrega o povo. E é exatamente isso que o prefeito Gilvan fez”. 

E concluiu o parlamentar: “Por isso protocolei esta denúncia. Porque Prado não pode ser governado por quem teme agir, por quem se acovarda diante de decisões que afetam a vida de milhares de famílias, por quem abandona o dever constitucional de proteger bens e interesses do município. Esperamos, agora, que esta Casa cumpra seu papel. Que a denúncia seja pautada, analisada e julgada conforme manda o Decreto-Lei 201/67, garantindo o devido processo legal. Mas que fique claro: não serei cúmplice de silêncio, não serei cúmplice de omissão, não serei cúmplice do abandono da nossa terra. Se o prefeito desistiu de defender o Prado, eu não desisti – e não desistirei. O povo pradense não será sacrificado pela inércia de um governo fraco. A minha luta é pelo território, pela justiça e pela dignidade das famílias que fazem deste município um dos maiores patrimônios da Bahia”./TN

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