Prado: De acordo a denúncia que chegou à nossa redação, um grande número de índios teriam sido impedidos de votarem no último domingo, 02 de outubro. Segundo os denunciantes, neste dia caíram chuvas torrenciais na zona rural do Município de Prado, especialmente, nas comunidades indígenas e nos assentamentos rurais vinculados ao MST. Situação que impediu o deslocamento dos eleitores residentes em tais comunidades, até os locais de votação. Só nas 14 aldeias indígenas foram mais de 1000 índios que deixaram de exercer o direito do voto.
Os indígenas estão reivindicando o direito de sufrágio à liderança da Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (FINPAT) e da Coordenação Indígena do Território Cahy / Pequi / Comexatiba. Sendo que na manhã desta quarta-feira (05), o Juiz eleitoral do Prado, Dr. Leonardo Santos Vieira Coelho, recebeu os coordenadores do território indígena, os quais alegaram que foram impedidos de votarem, já que pessoas do partido da prefeita teriam atravessado carros na estrada.
Ainda segundo a coordenação indígena, em quase 04 anos a gestão nunca teria passado máquina naquela localidade, e um dia antes das eleições, mesmo com previsão de fortes chuvas acabaram passando as máquinas e os eleitores, devido às dificuldades nas estradas, não conseguiram chegar às urnas, localizadas em Guarani, Corumbal, Cumuraxatiba e Prado.
Nossa equipe conversou com Cacique Caticocó, vice-coordenador do Território Indígena, que garantiu que estão revoltados, porque acreditam que tudo não passou de manobras políticas, já que todos os índios estão insatisfeitos com a administração atual, e eles decidiriam as eleições. De acordo Mandy Pataxó, coordenador do Território Cahy / Pequi / Comexatiba e diretor da FINPAT, terça-feira, dia 11, eles irão voltar munidos de provas e irão apresentar ao juiz.
“Moramos no interior, quando passa máquina é impossível transitar veículos, acreditamos que foi proposital, para a estrada ficar inoperante, e ela sabia que todos estão contra ela, e por isso, estamos buscando nossos direitos, e a grande quantidade de eleitores que não votaram só beneficiou a ela. Isso é injustiça, e iremos reivindicar até o fim. Por isso, levaremos todas as provas”, disse indignado o Mandy Pataxó.
No próximo domingo (09), pela manhã, irão realizar uma passeata no centro do Prado, com os demais populares que estão se sentindo prejudicados, para reivindicar. “Convidamos todos que não votaram que estão se sentindo prejudicados, que venham fazer valer o seu direito de cidadão”, convidou o coordenador.
Ainda, de acordo o Mandy, os eleitores dos assentamentos rurais também ficaram impedidos de chegarem aos locais de votação, a exemplo: das comunidades de São Francisco, Unidos Para Vencer, Santa Fé, Nova Esperança, Palmares, Agrovila, Rio Do Cahy, dentre outras. A abstenção chegou a 5.621 eleitores, ou seja, 26,43% do eleitorado.
Na tarde desta quarta-feira, após a reunião com os índios, nossa equipe entrou em contato com o Juiz eleitoral, Leonardo Coelho, e segundo ele, nunca ouviu falar em caso parecido, por isso, se dispôs a receber os representantes dos índios. O juiz garante que a abstenção desta porcentagem é normal, e desta vez foi ainda menor, e que não existe a possibilidade de ter uma nova eleição fora dos quadros que as leis autorizam.
“Não existe possibilidade em nosso direito de invalidar uma disputa eleitoral ou realizar um segundo turno, em razão do eleitor não ter conseguido votar por razões de força maior, ou seja, ele poderia estar doente, incapaz, depois não tem como colher o voto”, falou à nossa reportagem o Juiz eleitoral.
Mas, o juiz informou que encaminhou a denúncia para averiguação, já que os índios narraram situações ilícitas, se for o caso pode propor uma ação contra quem abusou do poder, e como judiciário só se limitou a registrar em ata, e encaminhar ao Ministério Público para as providências cabíveis. Caso seja procedente a denúncia, se ficar comprovado, a pessoa denunciada irá responder pela acusação e pode futuramente ser cassada. E se houver a cassação por crime, a exemplo por compra de votos, ai haveria uma nova eleição de acordo com a nova legislação, dentro das mudanças recentes.
Nossa equipe também conversou com atual e reeleita prefeita, Mayra Brito, onde disse desconhecer qualquer tipo de ação no sentido de impedir os eleitores a chegarem às urnas. “Da mesma forma que os eleitores da oposição tiveram dificuldade, do nosso lado também tiveram, ambas as partes foram prejudicadas, nunca tentamos impedir ninguém de votar, vejo uma acusação sem prova, de forma aleatória, sem fundamento. Não tenho muito que dizer sobre este assunto, tenho consciência tranquila”, finalizou Mayra Brito./Liberdadenews
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