Integrantes históricos do PT vão pedir desfiliação partidária em Itamaraju

O pleito do PED - Processo de Eleição Direta do Partido dos Trabalhadores em Itamaraju, ocorrido no último dia 10 de outubro, foi marcado por muitas contestações e indignações dos seus integrantes, quando a chapa da militante Isabel Martins e a própria candidata foram impugnadas pelo Diretório Municipal e sua candidatura só foi assegurada por meio de um recurso no Diretório Estadual. 

A advogada Izabel Martins, com 36 anos de militância em partido de esquerda e há 23 anos somente no PT de Itamaraju, acusou o diretório municipal de não ter agido com imparcialidade e tendenciado a eleição em favor do candidato Dalvadisio Lima, ao ponto de ter impedido o voto de filiados históricos em dia e aptos ao voto.


O partido tem 2.300 filiados em Itamaraju e 1.368 estavam aptos a votar, mas somente 918 compareceram às urnas do Colégio Estadual Polivalente. O empresário Dalvadisio Lima terminou vencendo a disputa com 69% dos votos validos (581 votos) e a advogada Izabel Martins ficou em segundo lugar com 262 votos. 

Conforme Izabel Martins, não deixou de ser uma vitória da chapa em seu apoio que obteve 32,5% dos votos (240 votos) em apenas 5 dias de campanha e contra quatro grupos. Foram contabilizados como brancos e nulos 236 votos, sendo que todos os votos em favor da sua chapa foram anulados mesmo depois dos filiados depositarem na urna a sua vontade de direito e assegurado em honra da democracia.

Para o ex-presidente do PT, Selmides Pereira, o “Bida”, a decisão de anular quase a metade dos votos obtidos pela chapa da advogada Izabel Martins foi uma prova de desrespeito aos próprios companheiros de partido que decidiram se posicionar de uma forma diferente e eles deram um tiro de misericórdia na democracia. “Mas a anulação dos votos obtidos pela chapa da advogada Izabel Martins tinha uma razão de ser, os votos davam ao grupo que defendia o nome da advogada o direito de ocupar 9 cadeiras do Diretório Municipal”, explicou Bida.

Os petistas vestidos de preto simbolizando luto em protesto por terem sido impedidos de votar, lamentaram o ocorrido e confirmaram que vão mesmo entregar à coordenação do partido um pedido de desfiliação coletiva, onde muitos  integrantes se desligarão dos quadros do PT em Itamaraju. “O senhor Dalvadisio não sabe vencer prévias, por isso precisa se valer da truculência para alcançar a vitória na marra. 

Dessa forma não dá para continuar, não mereço tanto humilhação dentro de um partido ao qual dediquei vários anos de minha vida. Estou entregando sabe lá quem, um partido que ajudei a construir”, disse a advogada Izabel Martins.

A secretária municipal da Agricultura, Solange Chagas, outra que pretende deixar o partido, também desabafou: “Não dá mais pra continuar nesse partido, o PT de Itamaraju não tem mais ideologia política e não respeita mais as opiniões contrárias. Não precisou da ditadura nem da direita, é o próprio grupo que está no partido que está acabando com o PT em Itamaraju”, disparou Solange Chagas, citando o revolucionário Ernesto Che Guevara, que certa feita expressou: “Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros”.

Evando Rodrigues, secretário municipal do Desenvolvimento Social disse que a decisão de sair do PT foi muito pensada, mas já vinha amadurecendo a ideia há anos. “Ninguém aceita estar em um partido em que você não tem voz, em que você não pode falar, não pode se defender ou defender o seu ponto de vista. Não nos deixam falar porque não aceitam ouvir, então porque permanecer, porque continuar acreditando em um ambiente democrático se o que vemos é a imposição de cima pra baixo”, argumenta.

A secretária municipal de Esporte e Cultura, Dilce Moura, disse que durante o processo do PED, ninguém foi mais perseguida, caluniada, injustiçada e aviltada que a secretária Lucilene Curvelo. “Aliás, essa tem sido a postura do grupo do presidente eleito contra Lucilene, porque eles não aceitam o fato de vê-la no governo Manoel Pedro como uma de suas principais colaboradoras. Lucilene tem sido vítima de ataques sucessivos a sua honra, em alguns casos as acusações sem provas dirigidas a ela chegam a ser desumanas. 

Não levam em consideração os anos de contribuição da secretária ao Partido dos Trabalhadores, nem o histórico dos seus serviços prestados a sociedade como fundadora do PT ao ponto de ter ocupado cadeiras nos diretórios municipal e estadual”, ressaltou.

Para Lucilene Curvelo, todos os que estiveram com Dalvadisio Lima têm sua parcela de responsabilidade neste processo que para ela faltou com a imparcialidade. “Quem perdeu com tudo isso foi o PT, nosso grupo fez a campanha com ética e moralidade, respeitando os acordos, inclusive fazendo campanha para o candidato a presidente estadual Everaldo Anunciação. 

Todas as nossas lideranças reafirmaram que respeitam o projeto e a bandeira do partido que é importante para o Brasil e para Bahia. Respeitamos os governos da presidenta Dilma Rousseff e do governador Jacques Wagner, além de muitos dirigentes, fundadores do partido a nível estadual e federal, mas que em Itamaraju todos que estiveram com Dalvadisio Lima são cúmplices neste processo truculento, no qual, o único prejudicado foi o PT”, concluiu.

Na última eleição todos os cinco secretários municipais do Governo Pedro da Campineira, apoiaram o gestor na sua reeleição. Campineira foi vice-prefeito duas vezes do Governo do PT em Itamaraju e ocupa seu segundo mandato de prefeito filiado ao PSD e continua aliado do Governo Estadual (Jaques Wagner, PT) e Governo Federal (Dilma Rousseff, PT). 

O diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Itamaraju, nega que tenha impedido a votação de filiados que são funcionários públicos e confirma que apenas pessoas do primeiro escalão do atual governo foram impedidos de votar porque na eleição passada pediram desligamento do partido a partir do momento que decidiram em 2012, apoiar um candidato à majoritária que não era do PT./TN