As autoridades colombianas apresentaram nesta quarta-feira, em Medellín, as primeiras conclusões sobre o acidente aéreo do voo que transportava a Chapecoense até a cidade para jogo contra o Atlético Nacional, pela final da Copa Sul-Americana. Segundo o Secretário Nacional de Segurança Aérea da Colômbia, Freddy Bonilla, a aeronave da companhia boliviana LaMia estava sem combustível no momento do choque, o que indica a possibilidade de ter existido nos instantes anteriores uma pane elétrica.
“Podemos afirmar claramente que o avião não tinha combustível no momento do impacto. Uma das hipóteses com que trabalhamos é que como o aeronave não tinha combustível, os motores se apagaram e houve pane elétrica, como foi relatado pelo piloto para a torre de controle”, disse Bonilla em entrevista coletiva no aeroporto Olaya Herrera, no centro da cidade.
O avião que transportava a delegação da Chapecoense caiu entre as cidades de La Ceja e La Unión, na região metropolitana de Medellín, capital do departamento de Antioquia. As investigações preliminares foram apresentadas pela primeira vez nesta quarta-feira, logo depois do vazamento de conversas de áudio entre o piloto do avião e a torre de controle do aeroporto José Maria Cordóva mostrarem um diálogo desesperado para pousar o quanto antes, já que os tanques estavam vazios.
De acordo com Bonilla, a ausência de combustível é uma desobediência grave às regras do transporte de passageiros. “Qualquer aeronave no mundo precisa ter no mínimo uma quantidade extra de reserva para aguentar 30 minutos além do tempo previsto de voo e ainda mais 5 minutos ou 5% da distância, para que assim se tenha uma segurança. Vamos investigar para saber por que a tripulação não contava com combustível suficiente”, explicou.
Os órgãos colombianos confirmaram que o voo fretado saiu de Santa Cruz de la Sierra com destino a Medellín sem previsão para escalas. O tempo do deslocamento seria de 4 horas, porém a queda se deu antes de se chegar a esse prazo. O avião se chocou com uma montanha a uma altitude de 2,2 mil acima do nível do mar, em velocidade aproximada de 250 km/h.
O secretário desmentiu um boato que circulava na Colômbia sobre o voo da Chapecoense ter ficado no ar para ter que aguardar a liberação da pista. Segundo ele, minutos antes da aproximação da aeronave com a equipe catarinense, a pista teve, sim, de receber o pouso de emergência de um voo que saiu de San Andrés, ilha colombiana no Caribe, com destino a Bogotá. Porém, de acordo com Bonilla, isso não fez com que a viagem do time de futebol fosse afetada.
“Às 9h41 da noite o voo da Chapecoense foi autorizado a se aproximar. Às 9h52 o avião que vinha de San Andrés e estava sem combustível, pousou na pista, após desviar seu destino. Nesse mesmo instante o voo da companhia aérea LaMia comunicou a situação de emergência”, explicou. Quatro minutos antes desse pedido de socorro, o piloto boliviano solicitou prioridade na pista.
No horário colombiano (três horas a menos que o do Brasil) das 9h57 da noite de segunda-feira foi feito o último contato. Nessa conversa, a LaMia declarou à torre de controle a falha completa do sistema elétrico, assim como o tanque vazio. Houve perda de contato e a posterior queda do avião, que causou morte de 71 pessoas.
Junto com Bonilla, o diretor geral da Aerocivil, Alfredo Bocanegra, explicou que no primeiro momento, a expectativa por sobreviventes era mais alta. “Chegamos a pensar que seriam 11 sobreviventes, mas são somente seis. Encontramos as duas caixas pretas com facilidade e vamos continuar os trabalhos de apuração”, contou. Desses seis, dois são tripulantes bolivianos, três são jogadores da Chapecoense e o outro é jornalista.
Bonilla explicou que os áudios que circulam com supostas conversas entre o piloto Miguel Quiroga e a torre de controle tiveram conteúdos editados e inexatos e considerou a propagação do conteúdo um desserviço, por considerar que contribuem para a falta de esclarecimento sobre o acidente./Estadão
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