A irmã e assessora do senador Aécio Neves (PSDB-MG),
Andrea Neves, foi presa por agentes da Polícia Federal e do Ministério Público
Federal na manhã desta quinta-feira (18) no condomínio Retiro das Pedras, em
Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O primo
do senador e de Andrea, Frederico Pacheco de Medeiros, também foi preso na
Grande BH.
Andrea foi presa porque há suspeitas de que ela
tenha pedido dinheiro ao empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, em nome
do irmão. Ela é considerada operadora do senador nas investigações da Lava
Jato. O advogado Marcelo Leonardo esteve na sede da PF em Belo Horizonte, para
onde Andrea foi levada, e disse que vai fazer a defesa da irmã de Aécio, mas
não vai se manifestar sobre a prisão neste momento.
Andrea deixou a sede da Polícia Federal por volta
das 13h40 e foi levada para o Instituto Médico Legal (IML) para ser submetida a
um exame de corpo de delito. Após o procedimento, ela será encaminhada para o
Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte.
De acordo com o a delação, Aécio indicou o primo
Frederico Pacheco para receber o dinheiro, e a entrega foi filmada pela Polícia
Federal. Em São Paulo, Fred entregou as malas para Mendherson Souza Lima.
Sempre seguido pela PF, Mendherson, que é cunhado de Perrella, fez três viagens
de carro a Belo Horizonte levando a propina. Segundo a PGR, os recursos foram
parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, do filho de
Perrella, Gustavo.
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no
Supremo Tribunal Federal (STF), mandou afastar o presidente nacional do PSDB,
Aécio Neves (MG), do mandato de senador. Mais cedo, o G1 informou que o
magistrado havia optado por não decretar monocraticamente o pedido apresentado
pela Procuradoria Geral da República (PGR) para prender o parlamentar tucano. O
caso seria levado ao plenário do Supremo.
No entanto, por volta do meio-dia, o STF informou
que o ministro Edson Fachin negou o pedido de prisão de Aécio Neves e não
levará a decisão sobre o assunto para o plenário. Fachin apreendeu o passaporte
de Aécio e o proibiu de ter contato com outros investigados.
Operação Patmos
A operação Patmos - batizada pela Polícia Federal em
referência à ilha grega onde o apóstolo João teve visões do Apocalipse - foi
deflagrada a partir da delação da JBS, revelada pelo jornal O Globo. Nela,
Aécio Neves aparece pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista para
pagar a defesa dele na Lava Jato. As informações foram confirmadas pela TV
Globo.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson
Fachin autorizou o cumprimento de 41 mandados de busca e apreensão e oito de
prisão preventiva em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão e
Paraná, cumpridos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
Os pedidos de prisão e busca e apreensão foram
feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base na delações
dos donos da JBS e em apurações da Polícia Federal. Os fatos que embasaram os
pedidos ocorreram neste ano, em pleno curso das investigações da Operação Lava
Jato.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o
objetivo da operação foi apreender documentos, livros contábeis e fiscais,
arquivos eletrônicos, telefones, valores e objetos que podem se relacionar à
investigação. A investigação apura os crimes de corrupção passiva e ativa,
lavagem de dinheiro, constitutição e participação de organização criminosa,
dentre outros.
Em nota, a PGR disse que Rodrigo Janot considera que
"o caso revela perplexidade, pois os fatos ocorreram apesar e durante as
investigações de delitos graves praticados através de autênticas organizações
criminosas enraizadas no poder público, envolvendo algumas das mais altas
autoridades do país. 'Isso demonstra que o esperado efeito depurador e
dissuasório das investigações e da atuação do Poder Judiciário lamentavelmente
não vem ocorrendo e a espiral de condutas reprováveis continua em marcha nos
mesmos termos e com a mesma ou maior intensidade e desfaçatez'”, disse.
Operação em várias cidades
No Rio de Janeiro, a operação começou por volta das
5h. Um chaveiro foi chamado para os agentes cumprirem o mandado de busca e
apreensão no apartamento de Andréa em Copacabana, na Zona Sul. Este imóvel
pertenceu ao ex-presidente Tancredo Neves, avô de Aécio e Andrea.Também foram
feitas buscas nos apartamentos de Aécio e de Altair Alves Pinto, conhecido por
ser braço direito do deputado Eduardo Cunha, que está preso. As diligências
foram todas autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Por volta das 6h15, pelo menos cinco carros
descaracterizados da Polícia Federal chegaram à chapelaria do Congresso, em Brasília,
que é a principal entrada e a mais utilizada pelos parlamentares. No Congresso,
as buscas são feitas nos gabinetes de Aécio e Perrella e do deputado Rodrigo
Rocha Loures (PMDB-PR). O G1 não conseguiu localizar a defesa deles.
Em Belo Horizonte, policiais federais estão no
prédio onde mora Aécio, no bairro Anchieta, na Região Centro-Sul de Belo
Horizonte. Uma viatura da PF com cinco policiais chegou por volta das 6h. Ainda
não se sabe se alguém foi encontrado no apartamento. Os agentes também estão na
casa de Perrella, no bairro Belvedere, Região Centro-Sul.
Agentes também fazem buscas em fazendas da família
Neves no interior de Minas Gerais. O primo de Aécio Neves Frederico Pacheco de Medeiros
também foi preso em casa, no condomínio Morro do Chapéu, em Nova Lima, na
Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta manhã.
A informação foi confirmada pelo advogado de
Frederico, Maurício Campos Júnior, mas o defensor disse que, por enquanto, não
vai se manifestar sobre a prisão.
O assessor parlamentar de Zeze Perrella (PMDB-MG),
Mendherson Souza Lima, que é também cunhado do senador e ex-vice-presidente da
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), é citado na delação
como a pessoa que recebeu o dinheiro. Ele foi preso nesta manhã. A Polícia
Federal informou que apreendeu R$ 400 mil em dinheiro na casa do assessor. O G1
tenta localizar a defesa de Lima./G1
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