A mulher do ex-presidente
Lula, Marisa Letícia, de 66 anos, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) na
tarde desta terça-feira (24). Marisa teria passado mal em casa e foi internada
no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Popularmente chamado de derrame
cerebral, o AVC pode matar ou deixar sequelas graves nas vítimas, segundo
explicou a neurologista do Hospital Moriah Lorena Barcelos. E pode se
manifestar de duas formas: hemorrágica ou isquêmica.
— O isquêmico é quando uma
artéria do cérebro é obstruída por um coágulo, que pode sair do coração,
causando uma isquemia cerebral [diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea
em uma parte do cérebro]. Já o hemorrágico, é quando um vaso se rompe e gera sangramento
no cérebro. Isso pode ser provocado por aneurisma cerebral [vaso sanguíneo
inchado e cheio de sangue] ou má formação de uma artéria.
A gravidade do derrame vai
depender do tamanho da lesão e da região atingida. De acordo com a
neurologista, o AVC isquêmico é transitório e dura até 24 horas. Por isso,
exames tardios podem não identificar o problema, o que não significa que não
tenha provocado danos aos pacientes.
— É necessário fazer exames
mais detalhados, como ressonância e tomografias. No caso do isquêmico, tem que
aplicar um medicamento trombolítico em até quatro horas e meia horas para
dissolver o coágulo. Se demorar mais de seis horas, não é possível reverter a
isquemia. A cada minuto que passa a área afetada aumenta.
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A neurologista explica que os
casos de AVC hemorrágico costumam ser mais graves, principalmente se ocorrerem
na parte da frente do cérebro, mas não há regra.
— Quando maior o volume de
sangue espalhado dentro da cabeça, maior o risco de deixar sequelas. Em alguns
casos, também é necessária cirurgia para diminuir a pressão dentro do crânio.
Fatores de risco
Os fatores de risco são os
mesmos para doenças cardiovasculares: hipertensão, diabetes, sedentarismo, má
alimentação, obesidade, tabagismo, e é mais comum de acontecer em pessoas com
mais de 55 anos. Ainda segundo a especialista, dependendo da área afetada, o
AVC pode provocar desmaio, sonolência e crise convulsiva. Mas também é possível
perceber os sintomas mesmo com o paciente consciente.
— Os principais sintomas são
fala enrolada, boca torta, formigamento de um lado do corpo, dificuldade de
falar, problema na compressão, alteração da linguagem. Independentemente do
tipo de AVC, os sintomas e os fatores de risco são os mesmos.
A recuperação também é de
acordo com a gravidade do derrame e da área afetada. Se for pequeno, o paciente
pode se recuperar em alguns dias e continuar o tratamento de forma
multidisciplinar, como fonoaudiologia e fisioterapia. Se for grande, o AVC pode
matar ou deixar sequelas graves na parte motora, de compreensão, de fala e
sensitiva, explica a neurologista.
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