O pior surto de febre amarela
silvestre em Minas faz mais vítimas e vira preocupação para um número cada vez
maior de municípios mineiros. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG)
confirmou ontem mais duas mortes pela doença, que passaram de 23 para 25, e
divulgou 66 novos casos notificados – o total saiu de 206 para 272. O novo
boletim epidemiológico indicou ainda que nove municípios passaram a registrar
febre amarela, ampliando de 29 para 38 o número de cidades com notificações da
doença.
Dos nove municípios que
relataram casos suspeitos de febre amarela, seis são do Vale do Rio Doce, dois
da Zona da Mata e um do Vale do Jequitinhonha. O avanço da doença por mais
cidades – eram 15 localidades com registros de casos no dia 9, quando o surto
foi anunciado, contra 38 na lista de ontem – exige atenção especial do governo
do estado, na avaliação de especialistas, e de prefeituras da região.
As duas mortes divulgadas
ontem ocorreram em Ladainha, no Vale do Mucuri, cidade com maior número de
óbitos confirmados no estado, e em Ubaporanga, no Vale do Rio Doce. No novo
boletim, além de Ladainha (8 mortes) e Ubaporanga (1), houve óbitos nos
municípios de Piedade de Caratinga (2), Ipanema (3), Malacacheta (2), Imbé de
Minas (1), São Sebastião do Maranhão (2), Frei Gaspar (1), Itambacuri (2), Poté
(1), Setubinha (1) e Teófilo Otoni (1), O quadro pode se agravar, uma vez que
ainda há 46 mortes em investigação. Já os casos confirmados subiram de 34 para
47 (veja quadro).
Para o médico Carlos
Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, a notificação de casos
em mais cidades não deve mudar a estratégia das autoridades de saúde, e sim
reforçar o alerta para o ele chama de bloqueio da doença, por meio de
vacinação. “É um dos maiores surtos de febre amarela do Brasil. Os números são
preocupantes e merecem uma atenção muito especial em termos de vacinação. É
importante ficar atento e fazer o bloqueio para que a doença não se espalhe”,
afirma.
Norte Além das nove cidades
que estão na área de alerta para febre amarela e passaram a figurar na lista de
municípios com suspeita da doença, outro caso que preocupa é de São Joaquim,
distrito de Januária, no Norte de Minas. Na quinta-feira, o governo do Distrito
Federal confirmou a morte, em Brasília, de um morador da localidade mineira,
que não figura na região considerada de emergência pelo estado. Embora a SES-MG
ainda investigue o óbito e o trate como inconcluso, moradores do distrito e da
sede promovem desde quinta-feira uma corrida por vacinação.
A procura foi tanta que os
estoques da vacina em São Joaquim e em Januária acabaram na tarde de ontem. Uma
nova remessa, com 40 mil doses, deve chegar na terça-feira, informou o
coordenador de Endemias e Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde
de Januária, Adailton Viana Bitencourt. Ele disse que a prefeitura também
começou uma investigação sobre óbitos de macados na localidade de Tamburil, vizinha a São
Joaquim.
Parques Também por causa do
surto de febre amarela, dois parques estaduais foram fechados por tempo
indeterminado em Minas. A restrição de visitação acontece nos Parques Estaduais
do Rio Doce e Serra do Brigadeiro. As duas áreas verdes ficam em regiões onde
há registro de casos da doença. A medida, segundo o Sistema Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), foi tomada depois de um pedido da
Secretaria de Estado de Saúde (SES).
O Parque Estadual do Rio Doce
está localizado entre os municípios de Timóteo, Marliéria e Dionísio. Já a
Serra do Brigadeiro fica nas regiões de Araponga, Fervedouro, Miradouro,
Ervália, Sericita, Pedra Bonita, Muriaé e Divino. “As unidades de conservação
são as principais a receber visitação pública da região diretamente afetada
pelo surto de febre amarela.
A intenção do Sisema é, dessa forma, preservar visitantes e funcionários de um possível contato com o vírus, que é transmitido pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes em ambiente silvestre e, em ambiente urbano, pelo Aedes aegypti”, informou, em nota, o Sisema. De acordo com o órgão, as unidades de conservação retomarão suas atividades normais tão logo a situação seja “devidamente contornada” na região.
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