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“Quem tem telhado de vidro não atira pedra no do vizinho”

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Sem policiamento nas ruas, número de mortos no Espírito Santo cresce


 "Eu ouvi os tiros, uma moto arrancando e depois vi o corpo no chão", conta uma estudante. Foto: Governo do Estado do Espírito Santo/Divulgação
"Eu ouvi os tiros, uma moto arrancando e depois vi o corpo no chão", conta uma estudante. Foto: Governo do Estado do Espírito Santo/Divulgação


Moradores da Grande Vitória relatam momento de horror vividos no estado, entre eles assalto a mão armada, roubo e homicídio

Mesmo com a chegada da Força Nacional no Espírito Santo, onde, desde sábado (4/2), já foram registradas mais de 60 mortes, a onda de violência e a sensação de insegurança continuam nas ruas do estado. A paralisação dos policiais militares começou há quatro dias e deve continuar nessa quarta-feira (8/2), enquanto não houver uma negociação entre a categoria e o governo local. Com medo, as pessoas que vivem na região da Grande Vitória relatam momentos de terror em seus respectivos bairros — assalto à mão armada, saques a comércios e corpos no meio da rua.

Na última segunda-feira (7/2), às 13h, Ricardo Machado, 50 anos, teve o carro roubado após parar em um semáforo entre os bairros Jardim da Penha e Praia do Canto. Casado, pai de três filhos, o pesquisador saía da casa da sogra para voltar para o apartamento onde vive, cuja distância não passa de 2km – quando foi abordado por dois homens armados. "Foi tudo muito rápido. O lugar não estava deserto, porque foi no horário em que as empresas suspenderam o trabalho enquanto a situação não é normalizada”, acrescentou.

O capixaba registrou um boletim de ocorrência virtual, porque a delegacia especializada em roubo à mão armada era muito longe de onde ele estava. "Eu não ia me arriscar de novo", justificou. Desde o ocorrido, Ricardo e a família estão abrigados na casa da sogra, sem sair nem sequer para comprar comida. Apesar de não ter sido a primeira vez que foi assaltado, ele está apreensivo com o momento que vive o estado do ES.

"Os sentimentos também são de impotência e raiva. Os bandidos estão soltos na rua e nós precisamos ficar trancafiados em casa. E a responsabilidade do Estado? Como vão ressarcir as vítimas?”, lamentou.

Uma estudante de veterinária que prefere não ser identificada também foi vítima da ação dos bandidos. Ela foi abordada em frente à casa onde mora, no bairro Novo México, em Vila Velha, no último domingo (5/2). Nesta terça-feira (7/2), presenciou um homicídio. “No domingo, por sorte, eu consegui correr para dentro de casa. Meu namorado ainda estava dentro do carro e conseguiu fugir”, lembrou. Hoje, enquanto a jovem estava na varanda cuidando dos cachorros, um homem foi morto a tiros na praça em frente ao seu apartamento. "Eu ouvi os tiros, uma moto arrancando e depois vi o corpo no chão", conta, ao Correio, angustiada. Com poucos mantimentos em casa e sem lugar para abastecer a despensa, a universitária precisou da ajuda do pai. "Ele me ajudou com algumas coisas, mas ainda assim fico preocupada dele estar fora de casa”.

Indignação

Nesta terça-feira, moradores fizeram uma manifestação em frente aos quartéis da capital capixada para pedir a volta dos policiais às ruas. O governo federal enviou militares do Exército na segunda (6/2) para reforçar a segurança no Espírito Santo. Nas redes sociais, circulam imagens e vídeos de cenas de violência, registradas na região. O cenário ganhou comoção nacional e ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter. Com a hashtag #ES pedesocorro, internautas prestam solidariedade aos moradores do estado.

O governo federal enviou militares do Exército na segunda para reforçar a segurança no Espírito Santo. Foto: Governo do Estado do Espírito Santo/Divulgação
O governo federal enviou militares do Exército na segunda para reforçar a segurança no Espírito Santo. Foto: Governo do Estado do Espírito Santo/Divulgação



Parentes de policiais militares da Grande Vitória estão impedindo a saída e entrada de viaturas desde sábado, como protesto contra as condições de trabalho da categoria. Eles reivindicam reajuste salarial e pagamento de benefícios. Embora o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) tenha decretado a ilegalidade do movimento, a mobilização dos familiares dos PMs continua.

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