"Eu ouvi os tiros, uma moto arrancando e depois vi o corpo no chão", conta uma estudante. Foto: Governo do Estado do Espírito Santo/Divulgação
Moradores da
Grande Vitória relatam momento de horror vividos no estado, entre eles assalto
a mão armada, roubo e homicídio
Mesmo com a chegada da Força
Nacional no Espírito Santo, onde, desde sábado (4/2), já foram registradas mais
de 60 mortes, a onda de violência e a sensação de insegurança continuam nas
ruas do estado. A paralisação dos policiais militares começou há quatro dias e
deve continuar nessa quarta-feira (8/2), enquanto não houver uma negociação
entre a categoria e o governo local. Com medo, as pessoas que vivem na região
da Grande Vitória relatam momentos de terror em seus respectivos bairros —
assalto à mão armada, saques a comércios e corpos no meio da rua.
Na última segunda-feira
(7/2), às 13h, Ricardo Machado, 50 anos, teve o carro roubado após parar em um
semáforo entre os bairros Jardim da Penha e Praia do Canto. Casado, pai de três
filhos, o pesquisador saía da casa da sogra para voltar para o apartamento onde
vive, cuja distância não passa de 2km – quando foi abordado por dois homens
armados. "Foi tudo muito rápido. O lugar não estava deserto, porque foi no
horário em que as empresas suspenderam o trabalho enquanto a situação não é
normalizada”, acrescentou.
O capixaba registrou um
boletim de ocorrência virtual, porque a delegacia especializada em roubo à mão
armada era muito longe de onde ele estava. "Eu não ia me arriscar de
novo", justificou. Desde o ocorrido, Ricardo e a família estão abrigados
na casa da sogra, sem sair nem sequer para comprar comida. Apesar de não ter
sido a primeira vez que foi assaltado, ele está apreensivo com o momento que
vive o estado do ES.
"Os sentimentos também
são de impotência e raiva. Os bandidos estão soltos na rua e nós precisamos
ficar trancafiados em casa. E a responsabilidade do Estado? Como vão ressarcir
as vítimas?”, lamentou.
Uma estudante de veterinária
que prefere não ser identificada também foi vítima da ação dos bandidos. Ela
foi abordada em frente à casa onde mora, no bairro Novo México, em Vila Velha,
no último domingo (5/2). Nesta terça-feira (7/2), presenciou um homicídio. “No
domingo, por sorte, eu consegui correr para dentro de casa. Meu namorado ainda
estava dentro do carro e conseguiu fugir”, lembrou. Hoje, enquanto a jovem
estava na varanda cuidando dos cachorros, um homem foi morto a tiros na praça
em frente ao seu apartamento. "Eu ouvi os tiros, uma moto arrancando e
depois vi o corpo no chão", conta, ao Correio, angustiada. Com poucos
mantimentos em casa e sem lugar para abastecer a despensa, a universitária
precisou da ajuda do pai. "Ele me ajudou com algumas coisas, mas ainda
assim fico preocupada dele estar fora de casa”.
Indignação
Nesta terça-feira, moradores
fizeram uma manifestação em frente aos quartéis da capital capixada para pedir
a volta dos policiais às ruas. O governo federal enviou militares do Exército
na segunda (6/2) para reforçar a segurança no Espírito Santo. Nas redes
sociais, circulam imagens e vídeos de cenas de violência, registradas na
região. O cenário ganhou comoção nacional e ficou entre os assuntos mais
comentados do Twitter. Com a hashtag #ES pedesocorro, internautas prestam
solidariedade aos moradores do estado.
O governo
federal enviou militares do Exército na segunda para reforçar a segurança no
Espírito Santo. Foto: Governo do Estado do Espírito Santo/Divulgação
Parentes de policiais
militares da Grande Vitória estão impedindo a saída e entrada de viaturas desde
sábado, como protesto contra as condições de trabalho da categoria. Eles
reivindicam reajuste salarial e pagamento de benefícios. Embora o Tribunal de
Justiça do Espírito Santo (TJES) tenha decretado a ilegalidade do movimento, a
mobilização dos familiares dos PMs continua.
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