Lula anda entre correligionários após descer do carro e antes de entrar no prédio da Justiça Federal para depor a Moro (Foto: Nacho Doce/Reuters)
Começou às 14h18 desta
quarta-feira (10) o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao
juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da operação Lava Jato na primeira
instância. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da Justiça
Federal de Curitiba, no Paraná. O petista é interrogado como réu pela primeira
vez no processo sobre o triplex no Guarujá (SP).
Por volta das 15h45, já havia
transcorrido cerca de metade do depoimento. O juiz já havia feito perguntas e
passado a palavra ao Ministério Público Federal (MPF). Perto das 16h30, Moro
voltou a fazer questionamentos. Houve uma pausa para ir ao banheiro e já se
analisa uma segunda pausa para alimentação. Ainda deve falar a defesa do
ex-presidente.
Lula desembarcou no aeroporto
Afonso Pena por volta das 10h, em um avião particular que partiu de São Paulo.
Em seguida, ele foi para um escritório de advocacia, no bairro Boa Vista. De
lá, saiu em direção à sede da Justiça, onde chegou às 13h45 – 15 minutos antes
do horário previsto para o início da audiência. Também está na capital do
Paraná a ex-presidente Dilma Rousseff.
Policiais fazem segurança no entorno do prédio da Justiça Federal em Curitiba nesta manhã. (Foto: Reprodução)
Um forte esquema de
segurança, com bloqueio de ruas e dezenas de policiais, está montado no entorno
da Justiça Federal, no bairro Ahú.
A Justiça do Paraná proibiu
acampamentos na cidade e também restringiu a circulação de carros e pedestres
na região do entorno do prédio. Manifestantes - pró e contra Lula estão na
cidade. De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), eles
serão separados, para evitar confrontos. Os favoráveis a Lula estão na Praça
Santos Andrade. Já as pessoas contrárias permanecem na região do Centro Cívico.
1º interrogatório
É o primeiro depoimento de
Lula na presença de Moro e na condição de réu. Neste processo, Lula é acusado
de receber R$ 3,7 milhões em propina, de forma dissimulada, da empreiteira OAS.
Em troca, ela seria beneficiada em contratos com a Petrobras. Segundo o
Ministério Público Federal (MPF), a OAS destinou ao ex-presidente um apartamento
triplex, em Guarujá (SP), fez reformas neste mesmo imóvel e também pagou a
guarda de bens de Lula em um depósito da transportadora Granero. A defesa do
ex-presidente nega todas as acusações.
Recursos negados
No final da tarde de terça
(9), os advogados de Lula entraram com três recursos no Superior Tribunal de
Justiça (STJ) contra decisões do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4)
que havia negado pedidos da defesa para alterar o curso do depoimento.
Foto de Lula com Dilma e apoiadores feita logo após o desembarque do ex-presidente em Curitiba (Foto: Arquivo pessoal)
Nesta quarta, o ministro
Félix Fischer negou todos os recursos. Um deles pedia para suspender por 90
dias o processo para que a defesa tivesse tempo de analisar diversos documentos
da Petrobras incluídos no caso. O outro recurso negado pedia que a defesa
pudesse fazer uma gravação própria da audiência desta quarta. O terceiro pedia
que o STJ suspendesse o processo até uma análise definitiva sobre Moro ser ou
não suspeito para julgar o caso do ex-presidente.
O processo
O MPF denunciou o
ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em 14 de setembro
2016. Seis dias depois, a Justiça aceitou a denúncia, e Lula e outras sete
pessoas viraram réus. Entre eles, estava a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que
morreu em fevereiro deste ano e teve as acusações arquivadas por Moro. Desde
que foi denunciado, Lula tem negado o recebimento de propinas e o favorecimento
da OAS na Petrobras. A defesa diz que o MPF não tem provas que sustentem a
denúncia.
Segundo advogados, a mulher
de Lula tinha uma cota no condomínio do triplex, mas a vendeu quando a OAS
assumiu a obra. Eles alegam que Lula e Marisa chegaram a visitar o apartamento
citado na denúncia porque planejavam comprá-lo – o que acabou não ocorrendo. A
defesa também nega irregularidades no apoio oferecido pela empreiteira para
guardar os bens do ex-presidente. Em novembro do ano passado, o ex-presidente
prestou depoimento a Moro por videoconferência como testemunha de defesa do
deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Fase final
Lula ao deixar escritório de advocacia em Curitiba e se dirigir à Justiça do PR (Foto: Giuliano Gomes/Agência PR Press)
Após o depoimento de Lula, o
processo chegará à fase final. O MPF e as defesas poderão pedir as últimas
diligências. Caso isso não ocorra, o juiz determinará os prazos para que as
partes apresentem as alegações finais. Em seguida, os autos voltam para Moro,
que vai definir a sentença, podendo condenar ou absolver os réus. Não há prazo
para que a sentença seja publicada.
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