Seguir a trajetória do Legião Urbana é muito mais do que simplesmente ser o fã de todos os fãs – aqueles, ainda, que têm orgulho de ter a discografia completa e no formato “original” de vinil. Ter ouvido Legião durante sua existência é ter testemunhado os questionamentos políticos levantados pela banda e também, claro, por todos os jovens.
Quem nunca cantou “Que País É Este” a plenos pulmões, como se estivesse defendendo seus próprios direitos em alguma manifestação com cara-pintada? O álbum homônimo, lançado em 1987, é o que melhor retrata o objetivo do grupo em criticar não só a posição política estabelecida no país naquela época como a situação econômica vigente, dotada de uma instabilidade que, para os jovens de dez anos para cá, seria inconcebível de se imaginar vivendo nos dias de hoje.
Toda essa altivez em lutar pelo que é certo e de nosso direito vem de muito antes, quando Renato Russo já insurgia ao som de sua primeira formação, Aborto Elétrico, beirando o fim da Ditadura. Tal agressividade, contudo, amoleceu um pouco a medida que Legião Urbana despontava timidamente com seu segundo volume, “Dois”, de 1986, mostrando um lado mais melancólico e romântico (no sentido poético da palavra). Músicas como “Eduardo e Monica”, “Tempo Perdido” e “Índios” ficaram marcadas na memória de quem sequer tinha entrado na adolescência.
Pulando para o sexto disco, “O Descobrimento do Brasil”, lançado em 1993, a crítica sobre os problemas sociais e econômicos do país persistem nas letras, como por exemplo em “Perfeição”. Entretanto, Renato Russo não deixou para trás seu romântismo depressivo, aproveitando outras faixas para exprimir sua tristeza, como em “Vinte e Nove”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário