Álvaro Pinheiro, secretário
da Educação de Itanhém, poderia muito bem ser definido nestes termos: o homem
errado no lugar errado.
Porque, como irmão da
prefeita Zulma Pinheiro (PMDB), Álvaro poderia estar em qualquer outro lugar,
exercendo qualquer função – inclusive de ex-deputado estadual –, mas não na
secretaria da Educação de Itanhém. Isso se aplica também a Newton Pinheiro, irmão
de Álvaro e Zulma, ocupante da pasta da Administração e Finanças.
Afinal de contas, nepotismo –
que em Itanhém atende pelo neologismo “necotismo” – constitui falta grave nos
âmbitos legal e moral, o que tem motivado o Ministério Público Estadual (MPE) a
intervir em diversas administrações municipais no sul da Bahia, a exemplo de
Itabuna, Itamaraju e, agora, na terra de Água Preta.
Enquanto o MPE tenta impor um
pouco de razoabilidade à administração dos Pinheiro em Itanhém, para dar um
basta no nepotismo, Álvaro segue firme e forte com sua arrogância e despreparo
à frente da Educação, que deveria estar sendo gerida por alguém do ramo com um
mínimo de sensibilidade e preparo.
No último dia 16, durante o
retorno das atividades do Legislativo Municipal, Álvaro Pinheiro, que
representou a prefeita, mostrou mais uma vez a que veio. Ele leu o discurso da
irmã ausente e, ao falar por conta própria, exercitou mais uma vez sua
arrogância e despreparo para os nove vereadores e público presente.
Duas questões, por motivos
óbvios, ganharam relevância na fala do secretário – o fechamento da Escola
Família Agrícola de Itanhém (Efai) e a não eleição de diretores para as escolas
da rede municipal de ensino. Isso mesmo, por mais incrível que pareça.
Desde que foi nomeado
secretário da Educação pela irmã, Álvaro vem defendendo o fechamento imediato
da Efai – instituição que oferece cursos ligados à agropecuária há mais de 30
anos, inclusive durante os dois mandatos de Neco Batista, pai dos irmãos
Pinheiro –, o que provocou uma onda de críticas, sobretudo da Fundação Padre
José Koopmans, que é sediada em Teixeira de Freitas. Como se sabe, a Efai foi
instalada em Itanhém graças ao empenho pessoal do saudoso Padre José.
Em seu discurso na sessão da
Câmara, Álvaro argumentou que a escola oferece um curso – Agroecologia – que
não é reconhecido pela secretaria da Educação da Bahia, que os dormitórios
parecem mais navios negreiros e que, enfim, ensino médio não é da competência
do município.
Arrogante e irônico, ele
desafiou os alunos da Efai e criticou duramente os professores da instituição.
“Se eu perguntar ‘Você sabe o que é um NH3, uma molécula de nitrogênio?’, não
vai saber. Não tinha ninguém ali com base para poder produzir ensino e aí vem
defender [a permanência da escola]”, provocou o secretário.
O homem errado no lugar
errado desafiou os alunos do curso de Agroecologia sobre o significado da
fórmula NH3, que talvez nem os quatro vereadores que possuem curso superior
conheça a tal fórmula.
Por fim, ele se posicionou
diametralmente contra a eleição de diretores para as escolas do município.
Segundo o secretário, diretor escolhido democraticamente pela comunidade
escolar “faz política dentro da escola, em vez de se comprometer com o [lado]
pedagógico, com o calendário escolar e com a assiduidade”.
Muito triste, a essa altura
dos acontecimentos, a população de Itanhém – especialmente a comunidade escolar
– ter que aturar uma figura anacrônica, quase patética, à frente da secretaria
da Educação. Alguém que, em vez de propor melhorias para uma escola que já foi
referência como a Efai, opta pelo fechamento dela.
Alguém que, em pleno terceiro
milênio, defende a indicação política de diretores em vez da eleição direta e
democrática deles. Pensando bem, deve se tratar mesmo do “homem errado no lugar
errado”./aguapretanews
Nenhum comentário:
Postar um comentário