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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Cafeicultura da região enfrenta uma das mais graves crises

Presidente do Sindicato Rural de Itabela, Ednardo de Morais Oliveira

A quebra de safra registrada na colheita do café conilon este ano, em torno de30%, foi apenas o início de um período de dificuldades a ser enfrentado pelos cafeicultores do extremo sul baiano, bem como do vizinho estado do Espírito Santo. A quebra teve principal causa a falta de chuvas nos meses de novembro e dezembro do ano passado e janeiro deste ano, combinada com altas temperaturas no período: época da formação dos grãos.

Passado esse primeiro momento de dificuldades, que, entretanto, foi amenizado pelo bom preço do produto, os cafeicultores enfrentam um problema ainda mais grave: a queda brusca do preço do grão nos mercados externo e interno. Essa baixa no preço já vinha ocorrendo de forma menos grave desde o início do ano, de forma que, até o mês de agosto, em torno de R$ 242,00, dava uma margem de lucro ainda razoável para os empresários do setor.

Essa “zona de conforto” do preço do grão chegou ao fim, porém, a partir de setembro, quando as cotações despencaram, chegando a R$ 182,00 no final de outubro. Valor que, de acordo com os produtores, está bem abaixo do custo de produção, que é estimado em torno de R$ 210,00.

Assustados pela crise que chegou de forma inesperada, os empresários do setor resolveram se mobilizar, a exemplo do que já vinha ocorrendo no Espírito Santo, e em reuniões realizadas em 28 do mês passado e na segunda-feira desta semana (04), definiram algumas ações que deverão ser realizadas.

Uma delas é uma manifestação pública, na cidade de Itabela, nesta quinta-feira, com o bloqueio da BR-101. A outra é a elaboração de um documento, a ser encaminhado ao governo estadual, através de lideranças empresariais e políticas, reivindicando o engajamento do Estado na busca de soluções para a grave crise.

De acordo com o que foi discutido na reunião da segunda-feira, a solução do problema passa pela fixação de um preço mínimo para o café, com o governo federal garantindo a compra de boa parte do estoque que há no mercado, por esse valor. A prorrogação dos financiamentos, outra reivindicação que chegou a ser também discutida na reunião, foi desconsiderada.

Os próprios cafeicultores estão tentando entender o que desencadeou essa crise, que “pegou produtores e exportadores de surpresa”, como disse o produtor Ricardo Covre, que é o representante da FAEB (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia) na Câmara Nacional do Café. Há quem entenda que o crescimento da área de plantio – tendo como influência o bom preço nos últimos anos - pode ter influenciado. Mas é quase unânime a tese de que as estimativas fora da realidade feitas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi fator preponderante, influenciando de forma perversa no preço do grão.

O pior é que não se vislumbra solução, nem ao menos uma melhora desse cenário a curto ou médio prazo. Enquanto isso, receosos quanto aos desdobramentos da crise, os cafeicultores já começam a reduzir custos, fazendo demissões. Apenas um produtor de Itabela já demitiu nos últimos dias, onze funcionários, enquanto outros dizem que infelizmente terão que enxugar custos, o que significa reduzir mão-de-obra. “Precisamos agir com muito cuidado, nos unir e tomar as decisões certas”, afirma Ednardo de Morais Oliveira, presidente do Sindicato Rural de Itabela.

Porém, infelizmente, é administrando essa adversidade que os cafeicultores do extremo sul baiano vão findar 2013. Um ano que vai ficar marcado por um mau momento para o agronegócio que mais emprega e gera receitas na microrregião./Radar64

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