A campanha eleitoral de
Marcelo Angênica (PSDB), para que ele conseguisse chegar ao comando do
Executivo de Itamaraju, foi toda feita com o discurso de mudanças em áreas
estratégicas, principalmente na saúde, já que ele por médico e já ter
trabalhado no município, “conhecia como ninguém a estrutura” e que os problemas
seriam resolvidos com mais facilidade. Pelo visto isso não vem acontecendo,
sobretudo nesses primeiros cinquenta dias de gestão.
Primeiro foi um rapaz
acidentado de moto no interior do município, que sem atendimento no Hospital
Municipal de Itamaraju (HMI), só não morreu em virtude de ser transferido às
pressas para o Hospital Municipal de Teixeira de Freitas (HMTF). Dias depois o
próprio Marcelo Angênica postou em sua conta no Facebook, comemorando o fato de
o seu governo ter realizado a primeira cirurgia ortopédica da história da
cidade, que mais tarde foi denunciada por ter sido supostamente feita com
matérias do próprio médico, além do paciente ter contraído uma infecção
hospitalar.
Os problemas de ortopedia
persistem e os pacientes continuam sendo transportados para Teixeira de Freitas
e Eunápolis.
No mês de dezembro de 2016,
quando anunciava a sua equipe de governo, o prefeito Marcelo Angênica (PSDB),
respondeu a um questionamento da equipe do Teixeira News, se ele iria montar
uma UTI no Hospital Municipal, ou continuaria usando a estrutura de Teixeira de
Freitas, inicialmente o HMTF e depois através da Policlínica, que está em fase
de acabamento e será gerida pelo Consórcio Regional de Saúde.
Reforçando mais uma vez o seu
posto de médico, Angênica tentou desqualificar a importância da Policlínica
Regional, afirmando que pretendia organizar uma CTI, para mão continuar
transportando pacientes do município para Teixeira de Freitas e outras cidades
da região. O Teixeira News ouviu outros profissionais da área médica na época e
eles foram unânimes em afirmar “que fazer cirurgias em pacientes graves nas
estruturas sem leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), era submeter o
paciente a um risco muito maior de morte.
Nessa semana dois novos casos
tornaram-se públicos e demonstraram a fragilidade dos serviços e a própria
estrutura da saúde pública em Itamaraju.
Primeiro a radialista Iris
Marques, atualmente funcionária da Rádio Tropical FM (87,9), postou nas redes
sociais um desabafo frente a um problema enfrentado por sua mãe, que teria
ficado quase vinte horas sem alimentar-se para fazer um cirurgia e depois o procedimento
acabou não acontecendo, porque o médico cirurgião e o anestesista não teriam
sido avisados. “SUS em Itamaraju… Uma merda. A pessoa vai operar e o médico não
é avisado… Nem o anestesista… Meu Deus, já e a segunda vez de cinco anos pra cá
que minha mãe precisa ser operada neste hospital, fica internada e simplesmente
a cirurgia não ocorre. Em jejum, por quase 20 horas. Não foi culpa do médico
pois as funcionárias simplesmente não avisaram nem ao médico nem ao
anestesista. Que é isto meu Deus???? Com toda documentação no prontuário, tudo
correto… Todos sabiam… menos o cirurgião. Se não querem trabalhar ou não sabem,
dêem a vaga para quem quer e é competente para isso… Aprendam que estão lidando
com VIDAS”.
Na mesma postagem o também
radialista Juca Andrade, ex-candidato a vice-prefeito de Mucuri, comentou: “Não
posso sentir sua dor Iris, mas me consterno com sua situação. Mas essa
irresponsabilidade não deve ir pra conta do SUS, mas sim pra conta da
administração do Hospital, o mesmo vale para Os PSFs ou UBFs. Observe na fonte
do Ministério da Saúde se os repasses são feitos. Nesse caso, cabe denúncia ao
Conselho Municipal de Saúde, e ao Ministério Público”.
Iris Marques respondeu: “Duas
vezes isso com ela no mesmo hospital… Em 2010 não operou por outras
negligências e agora isso”.
diad1Outro caso tão chocante
como o da mãe de Iris Marques, vem acontecendo com a senhora Ângela Maria Rosa
Soares, de 50 anos, moradora do Bairro Santo Antônio do Monte, na região norte
de Itamaraju. Cega, com uma cirurgia delicada numa das pernas e paciente renal,
a idosa tem que subir num pequeno ônibus três vezes por semana, para fazer
hemodiálise em Eunápolis. “Além de não enxergar e ter pinos e placas de platina
numa das pernas, saio da hemodiálise fraca e tonta. Depois tenho que voltar
sentada sem aguentar. São dez anos que não enxergo, dez anos fazendo
hemodiálise, já estive na Prefeitura, na Secretaria de Saúde, procurei o
secretário e até o Ministério Público. Até agora nada. Pelo amor de Deus me
ajudem com um carro pequeno pra que eu volte deitada no banco de trás”, apela.
Segundo os parentes da
senhora Ângela, que gravaram o vídeo e enviaram ao Teixeira News, ela já caiu
várias vezes numa van que fazia o transporte e por isso fica com mais medo
ainda de cair do ônibus. “A gente já foi na Secretaria de Saúde pedindo um
carro pequeno, mas eles falam que só existe o ônibus. Já fomos até à
Promotoria”, dizem os familiares. A fratura no pé direito teria acontecido
durante uma queda justamente na van que fazia o transporte dos pacientes
renais.
Para subir no ônibus a
paciente Ângela Maria Rosa Soares, de 50 anos, precisa da ajuda do seu
acompanhante e dos acompanhantes de outros pacientes./TN
Nenhum comentário:
Postar um comentário