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sábado, 18 de fevereiro de 2017

“Avanços na saúde de Itamaraju”: Paciente em jejum por 20 horas sem cirurgia e idosa cega e que mal fica em pé transportada sentada para hemodiálise


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A campanha eleitoral de Marcelo Angênica (PSDB), para que ele conseguisse chegar ao comando do Executivo de Itamaraju, foi toda feita com o discurso de mudanças em áreas estratégicas, principalmente na saúde, já que ele por médico e já ter trabalhado no município, “conhecia como ninguém a estrutura” e que os problemas seriam resolvidos com mais facilidade. Pelo visto isso não vem acontecendo, sobretudo nesses primeiros cinquenta dias de gestão.

Primeiro foi um rapaz acidentado de moto no interior do município, que sem atendimento no Hospital Municipal de Itamaraju (HMI), só não morreu em virtude de ser transferido às pressas para o Hospital Municipal de Teixeira de Freitas (HMTF). Dias depois o próprio Marcelo Angênica postou em sua conta no Facebook, comemorando o fato de o seu governo ter realizado a primeira cirurgia ortopédica da história da cidade, que mais tarde foi denunciada por ter sido supostamente feita com matérias do próprio médico, além do paciente ter contraído uma infecção hospitalar.

Os problemas de ortopedia persistem e os pacientes continuam sendo transportados para Teixeira de Freitas e Eunápolis.

No mês de dezembro de 2016, quando anunciava a sua equipe de governo, o prefeito Marcelo Angênica (PSDB), respondeu a um questionamento da equipe do Teixeira News, se ele iria montar uma UTI no Hospital Municipal, ou continuaria usando a estrutura de Teixeira de Freitas, inicialmente o HMTF e depois através da Policlínica, que está em fase de acabamento e será gerida pelo Consórcio Regional de Saúde.

Reforçando mais uma vez o seu posto de médico, Angênica tentou desqualificar a importância da Policlínica Regional, afirmando que pretendia organizar uma CTI, para mão continuar transportando pacientes do município para Teixeira de Freitas e outras cidades da região. O Teixeira News ouviu outros profissionais da área médica na época e eles foram unânimes em afirmar “que fazer cirurgias em pacientes graves nas estruturas sem leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), era submeter o paciente a um risco muito maior de morte.

Nessa semana dois novos casos tornaram-se públicos e demonstraram a fragilidade dos serviços e a própria estrutura da saúde pública em Itamaraju.

Primeiro a radialista Iris Marques, atualmente funcionária da Rádio Tropical FM (87,9), postou nas redes sociais um desabafo frente a um problema enfrentado por sua mãe, que teria ficado quase vinte horas sem alimentar-se para fazer um cirurgia e depois o procedimento acabou não acontecendo, porque o médico cirurgião e o anestesista não teriam sido avisados. “SUS em Itamaraju… Uma merda. A pessoa vai operar e o médico não é avisado… Nem o anestesista… Meu Deus, já e a segunda vez de cinco anos pra cá que minha mãe precisa ser operada neste hospital, fica internada e simplesmente a cirurgia não ocorre. Em jejum, por quase 20 horas. Não foi culpa do médico pois as funcionárias simplesmente não avisaram nem ao médico nem ao anestesista. Que é isto meu Deus???? Com toda documentação no prontuário, tudo correto… Todos sabiam… menos o cirurgião. Se não querem trabalhar ou não sabem, dêem a vaga para quem quer e é competente para isso… Aprendam que estão lidando com VIDAS”.

Na mesma postagem o também radialista Juca Andrade, ex-candidato a vice-prefeito de Mucuri, comentou: “Não posso sentir sua dor Iris, mas me consterno com sua situação. Mas essa irresponsabilidade não deve ir pra conta do SUS, mas sim pra conta da administração do Hospital, o mesmo vale para Os PSFs ou UBFs. Observe na fonte do Ministério da Saúde se os repasses são feitos. Nesse caso, cabe denúncia ao Conselho Municipal de Saúde, e ao Ministério Público”.

Iris Marques respondeu: “Duas vezes isso com ela no mesmo hospital… Em 2010 não operou por outras negligências e agora isso”.

diad1Outro caso tão chocante como o da mãe de Iris Marques, vem acontecendo com a senhora Ângela Maria Rosa Soares, de 50 anos, moradora do Bairro Santo Antônio do Monte, na região norte de Itamaraju. Cega, com uma cirurgia delicada numa das pernas e paciente renal, a idosa tem que subir num pequeno ônibus três vezes por semana, para fazer hemodiálise em Eunápolis. “Além de não enxergar e ter pinos e placas de platina numa das pernas, saio da hemodiálise fraca e tonta. Depois tenho que voltar sentada sem aguentar. São dez anos que não enxergo, dez anos fazendo hemodiálise, já estive na Prefeitura, na Secretaria de Saúde, procurei o secretário e até o Ministério Público. Até agora nada. Pelo amor de Deus me ajudem com um carro pequeno pra que eu volte deitada no banco de trás”, apela.

Segundo os parentes da senhora Ângela, que gravaram o vídeo e enviaram ao Teixeira News, ela já caiu várias vezes numa van que fazia o transporte e por isso fica com mais medo ainda de cair do ônibus. “A gente já foi na Secretaria de Saúde pedindo um carro pequeno, mas eles falam que só existe o ônibus. Já fomos até à Promotoria”, dizem os familiares. A fratura no pé direito teria acontecido durante uma queda justamente na van que fazia o transporte dos pacientes renais.


Para subir no ônibus a paciente Ângela Maria Rosa Soares, de 50 anos, precisa da ajuda do seu acompanhante e dos acompanhantes de outros pacientes./TN

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