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“Quem tem telhado de vidro não atira pedra no do vizinho”

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terça-feira, 7 de maio de 2013

Parte da história do município de Jucuruçu, BA



Jucuruçu é vocábulo indígena que significa "cobra grande".  Nome supostamente dado pelos índios devido às curvas do rio que margeia a cidade, dando a impressão de que o mesmo é uma grande cobra. Diz à lenda que essa cobra existiu, e que após ter sido morta pelos os índios, ela se transformou no rio.

"História".

A região onde hoje é o município de Jucuruçu, anteriormente pertencia ao município de Itamaraju. Os primeiros habitantes que desbravaram as matas à beira do mitológico Rio Jucuruçu foram os senhores Ramiro Rocha (casado com “Dona Florzina”) e o senhor José Rodrigues, mais conhecido como “Zé de Du” (casado com Dona Vitorina Maria de Jesus). Provenientes do sertão baiano data-se que a chegada dos primeiros moradores na região foi no ano de 1912 e que nesta época a tribo indígena anteriormente existente já havia se deslocado da região para aldeias litorâneas ou para aldeias na região de Minas Gerais.

Juntas, família Rodrigues e família Rocha, constituíram durante décadas o domínio do pequeno vilarejo que se formava com o entrelaço das famílias fundadoras, sendo cultural e trivial o casamento entre primos, o que seria benéfico pois os bens materiais ficariam na mesma família. Porém, surgem como principais fundadores do vilarejo os filhos do vulgo “Zé de Du”, os senhores Manoel Rodrigues (casado com dona Júlia Rocha, neta de Ramiro Rocha) e Dely Rodrigues (casado dona Ana Maria Jardim Dias). Proprietários de influente latifundio e extremamente respeitados na região visaram a instalação de uma pequena área de comércio na fazenda da família. Assim, Manoel e Dely doaram as terras da Fazenda Venezuela, às margens do Rio Jucuruçu para a construção de casas populares. Os moradores mais antigos alegam que o senhor Manoel de Du, como era conhecido, chegou a pagar 200 mil réis para quem aceitasse construir uma residência na área doada. A doação dessas terras para o início da cidade data no ano de 1936.

A família Rodrigues “Os Dú” como são conhecidos, ramificou-se por toda a região, hoje é a quarta maior do extremo sul baiano e a mais tradicional da cidade. Além dos senhores - coronéis Manoel e Dely de Dú, o desbravador Zé de Dú teve mais filhos, sendo os da primeira esposa: João Rodrigues, Euclides Rodrigues, os gêmeos Antônio e Antonino Rodrigues, Ana Maria Rodrigues, Cecília Rodrigues, Otaviana Rodrigues (que após casar-se assumiu o sobrenome do marido, tradição na época, se tornando Otaviana Nogueira); e do segundo casamento: Ubirajara Rodrigues, Veraldino Rodrigues, Anatólio Rodrigues, Amélia Rodrigues, Vivaldina Rodrigues, Mariquinha Rodrigues e Elisa Rodrigues.

O primeiro representante em parlamento legislativo pela região de Jucuruçu (filho do próprio lugar) foi Valdemar José Nogueira (sobrinho dos fundadores da cidade), mais conhecido como “O Americano”, que representou Jucuruçu na Câmara de Vereadores de Itamaraju por quatro mandatos consecutivos. De Fazenda Venezuela para o distrito de “Chumbo” como Jucuruçu tornou-se conhecido, sabe-se que este nome foi colocado no pequeno comércio quando os senhores Manoel e Dely Rodrigues encontraram às margens do pequeno córrego que deságua no Rio Jucuruçu um saco cheio de chumbo. O córrego ficou conhecido como Córrego do Chumbo e a zona comerciária como “Chumbo”. Alguns documentos antigos, porém, também reconhecem que o hoje município de Jucuruçu também recebera o nome de Vila Trindade, devido a primeira rua do pequeno comércio

Mais de cinquenta anos depois do início do distrito, no ano de 1989, após várias reivindicações, o Chumbo desmembrou-se de Itamaraju, ganhou emancipação política e recebeu o nome de Jucuruçu. A reivindicação se justificou porque era da região de Jucuruçu que saía a maior quantidade de verbas para Itamaraju, decorrente da pecuária e cultivo de cacau e café, e contraditoriamente era a região menos beneficiada e mais marginalizada pelos moradores e chefes do poder executivo de Itamaraju. Após a emancipação em 24 de fevereiro de 1989, o município passou a ser chamado de Jucuruçu. No mesmo ano as primeiras eleições foram realizadas, e na disputa para a prefeitura estavam os fazendeiros Porfírio Antônio Rodrigues e Antônio Rodrigues da Rocha ou "Antônio de Dely". O último canditado era filho de Dely Rodrigues, um dos fundadores da cidade.

Antônio de Dely também participou ativamente dos movimentos pela emancipação do município. Numa disputa acirrada, Antônio de Dely era o preferido, porém perdeu para o adversário. Até hoje especula-se a possibilidade de armação política, porém é fato que a popularidade do então prefeito de Itamaraju, Orlandino Lopes da Paixão, influenciou diretamente a escolha do eleitorado Jucuruçuense por Porfírio Antonio Rodrigues. Porfírio assumiu o mandato em 1989 e governou até 1992, quando novas eleições foram realizadas. Neste pleito, os candidatos foram Teodolino José Pereira, o "Dola", tendo como vice Gilberto Moitinho, tendo como opositor Ivan Lacerda.

O primeiro, um fazendeiro da região, que havia sido eleito vereador no pleito anterior e o segundo, um comerciante do município com vínculo em outras cidades. Dola venceu as eleições, se tornando o segundo prefeito da cidade. Dola governou de 1993 a 1996, deixando a prefeitura em dívida com o funcionalismo público. Alguns funcionários estavam com os salários em atraso por nove meses. Na nova disputa, Ivan Lacerda, tendo como vice Antônio de Dely, mais uma vez entra na briga pela prefeitura, tendo como concorrente o ex-prefeito Porfírio Antônio Rodrigues, que tinha como vice Helenita Moitinho, esposa do ex-vice-prefeito Gilberto Moitinho.

Porfírio consegue se reeleger em seu segundo mandato, de 1997 a 2000, o prefeito Porfírio Antônio Rodrigues sofreu denúncias de corrupção, levando o município a ficar estagnado em seus quatro anos de mandato. A revolta da população era visível, o povo clamava por uma nova liderança política que trouxesse progresso à cidade. Neste processo de mudança e aversão aos velhos coronéis, surgem dois nomes para a nova disputa. Hermes Perin, ex-vereador e Eliana Cabanas, médica que atendeu a população durante o mandato de Dola, que se tornou seu padrinho político e seu vice-prefeito. Importantes adesões, como o apoio da família Rodrigues foi crucial para sua aceitação. Eliana foi vitoriosa, e um novo ânimo surgia nos moradores.

De 2000 a 2004, Jucuruçu deu um salto. Ganhou mais ênfase na mídia, tornou-se mais conhecida e recebeu várias obras de peso. O município governado pela única prefeita da região foi intitulado como "a menina dos olhos da Bahia". Esses quatro anos representaram o período com mais mulheres inseridas ativamente na política, além da prefeita Eliana, a câmara teve duas presidentas, no primeiro pleito foi a vereadora Helenita Moitinho e no segundo a vereadora Uberlândia Carmos, filha do vice-prefeito Dola. Outra vereadora foi Zenaide Rodrigues, filha do ex-prefeito Porfírio Antônio Rodrigues.

Porém, apenas a sensação de evolução não agradou à população, que viu cargos públicos de linha de frente serem ocupados por pessoas de outros municípios, o acesso a prefeita era restrito, o vice-prefeito fazia oposição, a maioria dos vereadores não apoiavam a administração e a linha de frente que apoiou a prefeita voltou-se contra ela, como o sobrinho de Antônio de Dely, Ailton Rodrigues Dias, que foi coordenador de sua campanha e no momento se tornou um dos principais rivais políticos, coordenando a campanha da oposição. Jucuruçu vivenciava uma era obscura, onde o progresso misturava-se com uma política pesada e agressiva.

Logo, a prefeita tornou-se impopular, não tendo o carisma dos prefeitos anteriores. Nas eleições de 2004, Eliana concorreu a reeleição tendo como vice-prefeito Antônio de Dely, contra Dola, tendo como vice Hermes Perin. Numa disputa cheia de ataques pessoais e intrigas políticas, Dola é eleito prefeito pela segunda vez. De 2004 a 2008 o prefeito Dola procurou não cometer os mesmos erros do passado. Procurou manter a sua linha de frente, melhorando principalmente as estradas, a saúde e a educação do município. O carro chefe deste pleito foi a administração eficaz do casal de secretários de governo Josefina Gomes (Educação) e seu esposo Ailton Rodrigues Dias (Chefe de gabinete/Saúde.

Uberlândia Pereira, filha do prefeito e secretária de Administração, demonstrou desenvoltura ao ser a principal conselheira do pai. Porém, logo, o vice-prefeito de Dola se opôs as suas ideologias. A câmara de vereadores não apoiava sua administração. A ex-prefeita tornou-se o "fantasma" do seu governo, chegando a conseguir a impugnação de seu mandato inúmeras vezes, o que foi revertido posteriormente. Enquanto isso, o vereador Manoel Loyola, ex-policial e componente do legislativo desde a emancipação do município tornou-se o opositor com mais apoio de lideranças, como os ex-prefeitos Eliana Cabanas e Porfírio Antônio Rodrigues, o vice-prefeito Hermes Perim, o presidente da câmara de vereadores, Gilberto Nogueira e sua cabo eleitoral mais forte e fiel, Maria Nilza Pereira Loyola, sua esposa e principal articuladora política.

Enquanto a oposição crescia, Dola tropeçava nas decisões administrativas, não apoiando outro nome, e insistindo numa candidatura para um possível terceiro mandado. Para acompanhá-lo na chapa, o nome mais cogitado foi o de Ailton Rodrigues Dias, neto de Dely Rodrigues, que havia ocupado o comando de várias secretárias tendo um excelente desempenho em todas. Porém, no último momento da composição da chapa, Ailton é substituído por "Gilmar do caminhão", filho dos ex-vice-prefeitos Helenita e Gilberto Moitinho (expecula-se que esta substituição foi forçada por Uberlândia Pereira).

Esse fato provocou uma tensão no município e o prefeito Dola perdeu credibilidade. Por outro lado, Loyola, tendo como vice o presidente da câmara de vereadores, Gilberto Nogueira, neto de Manoel Rodrigues, disputava voto a voto com o prefeito Dola. O prefeito sofre um golpe político na última semana antes da eleição, sendo impugnado. De última hora, é substituído pelo vereador Dulinha, o que não foi suficiente para cicatrizar o golpe, levando Loyola ao êxito nas urnas. De 2008 a 2012 o governo Loyola conseguiu subir patamares e descer aos porões administrativos. Com início de governo bem avaliado, cometeu erros administrativos que proporcionaram a perca de sua popularidade e credibilidade com o município.

Dentre os benefícios, conseguiu retirar o município da inadimplência, mas em contra-partida obteve uma linha de frente fraquíssima onde o funcionalismo público vivenciou um verdadeiro desmando. A ferida mortal foi a ausência de investimentos na saúde capazes de suprir a demanda da cidade. As figuras de destaque do governo foram à primeira-dama Maria Nilza Loyola e o secretário de finanças Célio Nogueira. Concorrendo a reeleição, Loyola perdeu com pouco mais de 1800 votos para Uberlândia Pereira, uma vez que em plena campanha política os servidores estavam com seus salários atrasados onde alguns chegaram a invadir o prédio da prefeitura. A partir de sua derrota nas urnas, Loyola abandonou o município e como consequência foi pedido seu afastamento oficial do cargo de prefeito, assumindo como prefeito o então vice-prefeito Gilberto Nogueira.

Um comentário:

Rua principal de Jucuruçu - Bahia, 3 de março de 2024.

Jucuruçu - Bahia. Pedaço bom do Brasil.