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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Eike Batista, a prisão mais comentada do momento


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Ninguém simbolizou as ambições brasileiras dos anos 2000 como o empresário, que prometia ser o homem mais rico do mundo. Sua prisão marca o ocaso de uma figura cuja trajetória se confunde com a do país.Em janeiro de 2012, a revista Veja estampou uma de suas capas com uma montagem que mostrava Eike Batista usando o uniforme do ditador chinês Deng Xiaoping. A publicação falava do surgimento de uma nova classe de milionários no Brasil, tal como ocorreu no país comunista após as reformas que introduziram o capitalismo. Eike era encarado como o principal símbolo desse esplendor brasileiro.

Era a também a época de estímulo das "campeãs nacionais", grandes empresas que receberam farto apoio do BNDES durante os governos petistas para ganhar projeção internacional. Entre elas estavam a Eletrobras, a Oi, a LBR e o Grupo X, de Eike Batista. O Brasil vivia tempos de otimismo, dos Brics, de pré-sal. "O Eike é nosso padrão, nossa expectativa e orgulho do Brasil", afirmou em abril de 2012 a então presidente Dilma Rousseff.

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Naquele ano, Eike apareceu como o oitavo homem mais rico do mundo em uma lista da Bloomberg. Disse ainda que assumiria o topo do ranking em 2015 ou 2016. "Você acha rápido? É muito tempo", declarou a uma repórter.

Um ano e meio depois da capa celebratória da Veja, Eike havia virado um pária. A economia brasileira começaria a descarrilar em 2014. Outras "campeãs" acabaram pedindo concordata ou foram colocadas melancolicamente à venda.

Mas nenhuma dessas empresas sofreu uma queda tão explícita quanto o Grupo X de Eike, um conglomerado de empresas de petróleo, mineração, logística e energia. E nenhuma figura representou tanto a derrocada das ambições brasileiras a partir dos anos 2000 como Eike Batista, detido nesta segunda-feira (30/01) no Rio, por suspeita de pagamento de propina ao ex-governador Sérgio Cabral.

Trajetória

Nascido em 1956, Eike teve como modelo seu pai, Eliezer Batista, executivo que ajudou a Vale a se tornar uma gigante da mineração. Da mãe, Jutta Fuhrken, herdou um passaporte alemão - que usaria para deixar o Brasil antes da divulgação do seu pedido de prisão.

Abandonou um curso de engenharia metalúrgica na Alemanha no fim dos anos 70 para se dedicar ao comércio de ouro. Logo adquiriu um garimpo na Amazônia, mas a empreitada fracassou. Acabou sendo salvo pelas conexões do pai, que usou sua influência para encontrar um comprador para o garimpo. Também foi o pai que o ajudou a se apresentar a investidores canadenses que o ajudariam a formar sua primeira "empresa X", a mineradora TVX.

Já na época estavam aparentes alguns dos traços que ajudariam Eike a conquistar a confiança de tantos investidores: o otimismo que parecia não conhecer limites - e que muitas vezes resultava em projeções irreais - e a capacidade de projetar confiança - sempre pontuada com lições de autoajuda - que lhe conferia uma aura de "visionário". Também passou a diversificar seus negócios, criando uma fábrica de jipes e uma empresa de cosméticos.

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Certa vez, irrompeu uma apresentação usando óculos com lentes cor-de-rosa para rebater críticas de que enxergava a realidade com otimismo excessivo. "Dizem que eu vejo tudo cor-de-rosa. Vejo mesmo. E sabem por quê? Porque vejo as coisas adiante. Eu leio o jornal de amanhã", disse.

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