O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse ao presidente Michel Temer que lamenta não ter conversado
mais com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao longo dos anos.
Na noite quinta-feira (2), ao
receber a visita do presidente no hospital Sírio-Libanês -onde sua mulher,
Marisa Letícia, foi internada- Lula se disse disposto a dialogar com Temer
sobre reforma política e agenda econômica.
No encontro com Temer, o
petista lembrou que, por várias vezes, ele e FHC desenharam uma aproximação.
Mas que, por culpa dos dois, o movimento nunca se concretizou.
O petista citou também a
viagem em que, a convite da então presidente Dilma Rousseff, ele, FHC, e os
ex-presidentes Fernando Collor e José Sarney foram ao enterro de Nelson
Mandela, na África do Sul. Reunidos, os ex-presidentes concordaram que seria
necessário conversar mais. O encontro, no entanto, nunca se repetiu.
Visivelmente comovido com a
iminência da morte de sua mulher, Lula elogiou a atitude de FHC, que o visitara
sete horas antes. Segundo o senador Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), Lula afirmou
que a visita de FHC é "um exemplo pedagógico para os jovens".
Por várias vezes, Lula afirmou
que pretende conversar com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, presente
ao encontro. Ele aconselhou Temer a mudar o argumento adotado em defesa da
reforma previdenciária.
Segundo Lula, é um erro
afirmar que a Previdência Social está quebrada. O correto seria alegar que a
aposentadoria das futuras gerações está em jogo.
Na conversa, Lula insistiu
que as divergências políticas não podem impedir o diálogo. Lula deu um abraço
no ministro José Serra (PSDB) dizendo que tinham uma boa relação pessoal,
embora tenham disputado uma eleição presidencial.
Ele chamou Sarney, presente
ao encontro, de amigo. Ainda segundo participantes, Lula relatou ter recebido
horas antes a visita da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP). À comitiva liderada
por Temer, reproduziu o que dissera a Marta.
"Para mim, não interessa
que você tenha brigado com o PT aqui [de São Paulo]".
Lula citou ainda o
ex-governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) -morto em 2014 num acidente
aéreo. Disse que Campos criticava sua política de fomento da economia. Lula
defendeu sua agenda econômica, alegando ter permitido o aquecimento da
indústria brasileira.
A conversa com Temer consumiu
18 minutos. Só depois, Lula foi informado que o presidente fora chamado de
"assassino" por um grupo de militantes petistas na chegada ao
hospital.
Informado do contratempo,
Lula reclamou com amigos. Disse aos aliados que não gostaria de transformar o
momento das condolências em um "espetáculo de intolerância". Ele
também afirmou que os petistas deveriam servir de modelo contra o ódio. A seu
pedido, militantes e sindicalistas foram orientados a deixar a portaria do
hospital.
Na tarde desta sexta (3),
Lula recebeu Dilma. Ao lado do empresário Josué Gomes, Lula e Dilma lembraram
da luta travada contra o câncer pelo ex-vice-presidente José Alencar, que
morreu em 2011. Na conversa, Lula e Dilma afirmaram que Alencar fora um
guerreiro. Lula confessou que se arrepende até hoje de não ter insistido para
que Alencar fosse à sua posse em 2007.
Filho de Alencar, Josué
revelou ter comprado um sapato novo para que Alencar participasse da posse. Mas
disse que sua mãe nunca permitiria que o pai, doente à época, cometesse essa
extravagância. O sapato nunca foi usado.
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