As manifestações contrárias à vinda dos médicos estrangeiros (em particular dos cubanos) pelas entidades médicas contrariaram o ex-presidente do sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed-BA), Celso Cotrim.
Ele, que atua há mais de 35 anos com passagens pelo interior do estado e na periferia da capital, e que também foi selecionado no programa, criticou a postura dos colegas. “Acho que as entidades jogaram a população contra os médicos. Não me sinto representado por quem é contra o programa e responde de forma mal-educada e grosseira os cubanos”, disse, ao lembrar também do comentário da jornalista Micheline Borges, que disse que as médicas cubanas teriam aparência de empregadas domésticas, o que não seria condizente para graduados em medicina.
Dois filhos de Cotrim tiveram formação em Cuba, o que o credenciaria também a falar da competência dos estrangeiros. Mas o também ex-vereador pela capital baiana vai mais fundo contra o que seria o motivo maior do barulho dos colegas. Segundo ele, a zoada, também ideológica, tem a ver com o futuro da profissão no país. “A preocupação não é com a qualidade. Não é com o salário dos médicos cubanos.
A preocupação é que eles vão perder espaço. Quanto mais o SUS for ampliado, essa turma vai ganhar menos”, conjeturou. O médico também não considera que as dificuldades sociais e da língua impeçam o trabalho dos estrangeiros. “Não acredito nisso”, opinou. Enquanto o clima do debate permanece ainda aquecido, 63 médicos fazem treinamento na Bahia, estado com o maior número de profissionais de outros países na primeira etapa do programa. Cinquenta são cubanos. À espera deles, 22 municípios os aguardam com emergência.
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